Mudanças atingem órgãos como Caixa, Correios, Codevasf e DNIT; parlamentares veem estratégia para ampliar influência política petista até 2026
Governo federal demite indicados do Centrão e amplia espaço para novos nomes ligados ao PT
O governo federal iniciou uma série de demissões de apadrinhados políticos do Centrão em cargos de segundo e terceiro escalões, abrindo espaço para novos indicados ligados ao Partido dos Trabalhadores (PT). O movimento, segundo fontes políticas, tem como efeito prático fortalecer a presença petista em estruturas administrativas estratégicas, especialmente com foco nas eleições de 2026.
As exonerações e substituições estão sendo realizadas em órgãos federais com relevância política e administrativa, como a Caixa Econômica Federal, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), os Correios, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Ministério da Agricultura e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

Apesar do discurso oficial de que as mudanças fazem parte de uma reorganização administrativa e de eficiência, parlamentares apontam que a ação tem também um caráter político, voltado ao reposicionamento de forças internas no governo.
Cargos estratégicos e influência política
As vagas ocupadas por indicados do Centrão possuem salários que variam entre R$ 15 mil e R$ 20 mil e exercem influência direta sobre programas regionais, obras públicas e repasses de recursos. Embora o comando central dessas instituições ainda esteja sob controle de partidos da base aliada — como PP, União Brasil, PSD e MDB —, o governo vem ajustando o quadro de segundo e terceiro escalões, que detém peso operacional e político nos estados.
Nos bastidores, deputados afirmam que a medida é menos uma retaliação aos partidos que se afastaram das pautas do Planalto e mais uma estratégia de fortalecimento político do PT em áreas-chave da administração pública. A movimentação busca consolidar o controle sobre estruturas que terão papel relevante nas articulações regionais e na distribuição de recursos federais ao longo dos próximos anos.
Contexto político e estratégia para 2026
Segundo informações publicadas pela coluna de Andreza Matais, do portal Metrópoles, o movimento ocorre em um momento de recomposição da base aliada e de reavaliação da distribuição de cargos no governo.
A substituição de nomes ligados ao Centrão por indicados petistas é vista como parte de um reposicionamento interno, com o objetivo de reforçar o protagonismo político do PT dentro da estrutura federal.

Fontes em Brasília afirmam que o Partido dos Trabalhadores busca ampliar sua presença em órgãos estratégicos de capilaridade regional, considerados fundamentais para a formação de alianças locais e o fortalecimento político-eleitoral nas próximas eleições municipais e gerais.
Reações e bastidores em Brasília
O movimento causou reação entre parlamentares do Centrão, que classificaram as substituições como um sinal de distanciamento entre o Palácio do Planalto e parte de sua base. Deputados e líderes partidários afirmam que as exonerações refletem uma tentativa do governo de retomar maior controle político sobre cargos federais, após meses de negociações em torno da distribuição de ministérios e diretorias regionais.
A reestruturação também reacendeu, nos bastidores, uma antiga provocação política em Brasília. Parlamentares lembraram a expressão utilizada em 1999 pelo então governador Anthony Garotinho, que chamou o PT de “partido da boquinha”, em referência à disputa por cargos em governos anteriores.
Embora a frase seja relembrada de forma irônica, o movimento atual do governo é visto como parte do ajuste natural das alianças políticas em um cenário de disputa por espaço e influência.
Órgãos afetados e impacto regional
Entre os órgãos atingidos, Caixa Econômica Federal e Codevasf concentram boa parte das substituições recentes. Ambos têm presença regional forte e influência em obras, programas sociais e investimentos locais, o que os torna estratégicos para partidos em busca de visibilidade e articulação política.
Nos Correios e no Iphan, mudanças de diretoria também refletem o interesse do governo em reposicionar quadros técnicos e políticos alinhados com o projeto da atual administração.
A movimentação é acompanhada de perto por lideranças do Congresso Nacional, que monitoram como essas mudanças podem afetar a relação entre o Executivo e o Legislativo.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil / Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
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