Carla Ariane Trindade, ex-mulher de Marcos Cláudio Lula da Silva, é alvo de operação que apura suspeita de corrupção e fraudes em licitações na área da educação
A Polícia Federal realizou, na manhã de quarta-feira (12), uma operação que investiga supostas irregularidades no Ministério da Educação (MEC). Entre os alvos está Carla Ariane Trindade, ex-nora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela é apontada como uma das pessoas que teriam atuado para liberar recursos públicos a uma empresa suspeita de fraudes em contratos com prefeituras do interior de São Paulo.
A ação faz parte da Operação Coffee Break, que apura suspeitas de corrupção, fraudes em licitação e desvio de recursos destinados à compra de kits e livros escolares. Durante o cumprimento dos mandados, a Polícia Federal foi recebida por Marcos Cláudio Lula da Silva, ex-marido de Carla e filho adotivo do presidente Lula, no endereço da investigada, em Campinas (SP). Segundo o auto circunstanciado da diligência, a busca foi realizada de forma tranquila, sem resistência.
De acordo com a investigação, Carla Ariane Trindade teria atuado para favorecer a empresa Life Tecnologia Educacional, de propriedade do empresário André Mariano, que é suspeito de superfaturar contratos e desviar cerca de R$ 70 milhões em recursos públicos. Os investigadores afirmam que o empresário mantinha empresas de fachada para movimentar os valores desviados.

Na residência de Carla, a Polícia Federal apreendeu um passaporte, um celular, um computador e um caderno de anotações. O mandado de busca e apreensão foi autorizado pela 1ª Vara Federal de Campinas. Segundo a decisão judicial, os indícios coletados até o momento indicam que Carla “parece ter ou alega ter influência em decisões do governo federal”.
A apuração aponta ainda que Carla teria viajado a Brasília em janeiro e maio de 2024, com passagens custeadas por André Mariano. Em mensagens apreendidas nos aparelhos do empresário, constam registros de agendas e comunicações que sugerem intermediação de interesses privados junto a órgãos públicos, especialmente na busca por contratos e repasses do MEC e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Durante a quebra de sigilos autorizada pela Justiça, os investigadores localizaram o nome de Carla na agenda de contatos de Mariano, registrado como “nora” — em referência ao antigo vínculo familiar com Lula — e “amiga de Paulínia”. A PF também apura se o empresário Kalil Bittar teria participado do mesmo esquema.
A investigação é conduzida em conjunto com o Ministério Público Federal e busca determinar se houve favorecimento indevido na liberação de verbas públicas federais. O inquérito segue em andamento sob sigilo judicial.

Procurada, a defesa de Carla Ariane Trindade informou que já solicitou acesso aos autos e que só irá se manifestar após conhecer integralmente o conteúdo da investigação. “A defesa esclarece que a medida foi cumprida com tranquilidade e que Carla permanece à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento”, diz trecho da nota.
A Life Tecnologia Educacional e os demais citados na investigação não se manifestaram até o momento. O Ministério da Educação e a Secretaria de Comunicação da Presidência da República também foram procurados, mas não enviaram resposta.
Carla Ariane foi casada com Marcos Cláudio Lula da Silva por cerca de 20 anos. O casal se separou oficialmente em 2010 e tem um filho. Marcos é filho da ex-primeira-dama Marisa Letícia, adotado por Lula ainda na infância.
Foto: Angelo Miguel/MEC/Ilustração
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