Senador afirma que acordo de R$ 129 milhões precisa ser apurado pelo Congresso
O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) afirmou que irá coletar assinaturas após o recesso parlamentar para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar denúncias envolvendo um contrato firmado entre o Banco Master e o escritório da família do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Segundo o parlamentar, o acordo é estimado em R$ 129 milhões e teria características que, segundo ele, justificam a apuração pelo Congresso Nacional. A declaração foi feita em publicação nas redes sociais, na qual o senador afirmou que o contrato estaria fora dos padrões usuais da advocacia e envolveria ainda suspeitas de atuação direta do magistrado em favor da instituição financeira.

“Após o recesso vou coletar as assinaturas para investigação de notícias sobre um contrato entre o banco Master e o escritório da família do ministro Moraes, de 129 milhões de reais, fora do padrão da advocacia, além desta notícia de atuação direta do ministro em favor do banco”, escreveu o senador em publicação no X (antigo Twitter).
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Alessandro Vieira afirmou que as informações divulgadas são graves e precisam ser apuradas. Segundo ele, a investigação é necessária para verificar a veracidade dos fatos relatados e a compatibilidade das condutas com as funções exercidas.
O senador compartilhou denúncia publicada pela colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo. De acordo com a apuração jornalística, o ministro Alexandre de Moraes teria feito contatos com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para tratar de assuntos relacionados ao Banco Master. A colunista afirma ter ouvido seis fontes sobre o episódio.
Segundo a reportagem, teriam ocorrido três contatos por telefone e um encontro presencial entre Moraes e Galípolo. Em um desses contatos, o ministro teria solicitado que o Banco Central aprovasse a compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), operação que havia sido anunciada pelas instituições, mas ainda dependia de autorização da autoridade monetária.
Nem o ministro Alexandre de Moraes nem o presidente do Banco Central se manifestaram sobre as afirmações até o momento da publicação da reportagem.

Ainda conforme a apuração, o Banco Master firmou contrato com a advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do STF. O acordo previa que o escritório Barci de Moraes Associados atuaria na defesa dos interesses do banco e de seu controlador, Daniel Vorcaro, junto ao Banco Central, à Receita Federal e ao Congresso Nacional.
O contrato foi assinado em janeiro do ano passado e estabelecia o pagamento de R$ 3,6 milhões mensais, pelo prazo de três anos. Caso fosse executado integralmente, o valor total alcançaria aproximadamente R$ 129 milhões até o início de 2027.
Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, é alvo de investigações por fraudes financeiras. Ele chegou a ser preso por 11 dias em novembro, sendo posteriormente solto por decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), com imposição do uso de tornozeleira eletrônica. Vorcaro e outros quatro executivos são investigados pela Polícia Federal.
Na última semana, o ministro Dias Toffoli, do STF, determinou a retomada das investigações que apuram um esquema de fraude financeira envolvendo o Banco Master. No despacho, Toffoli autorizou a realização de oitivas de executivos do banco e de dirigentes do Banco Central, além de permitir a requisição de medidas como quebra de sigilo fiscal e telemático, mediante justificativa.
Anteriormente, Toffoli havia avocado o caso para o STF e determinado sigilo no processo. O ministro também retirou da CPI do INSS dados bancários e fiscais de Daniel Vorcaro, determinando que essas informações fiquem sob custódia do presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
O presidente da CPI do INSS, Carlos Viana, afirmou que a decisão enfraquece a investigação. Procurados, Alexandre de Moraes e Gabriel Galípolo não comentaram os fatos.
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil / Marcelo Camargo/Agência Brasil
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