Deputado foi gravado exigindo que funcionários dessem parte do salário para ele pagar dívidas pessoais
O deputado federal André Janones (Avante-MG) foi acusado de “rachadinha” por um ex-assessor, que gravou um áudio em que o parlamentar exige que funcionários de seu gabinete arquem com suas despesas pessoais. As gravações foram divulgadas nesta semana.
Na gravação, Janones afirma que “tem algumas pessoas aqui que vão receber um pouco de salário a mais e elas vão me ajudar a pagar as contas que ficou (sic) da minha campanha de prefeito”. Ele também diz que “perdi uma casa de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma previdência de R$ 70 [mil]”.
Janones afirmou, no áudior, que é injusto ele ganhar R$ 25 mil e usar R$ 15 mil para pagar a dívida de sua campanha à Prefeitura de Ituiutaba em 2016. “O Mário vai ganhar R$ 10 mil. Eu vou ganhar R$ 25 mil líquido. Só que o Mário, os R$ 10 mil é dele líquido. E eu, dos R$ 25 mil, R$ 15 mil eu vou usar para as dívidas que ficou de 2016. Não é justo, entendeu?”, afirma.
A prática conhecida como “rachadinha” é ilegal por se tratar de desvio de dinheiro público. Funciona assim: o valor entra como salário, mas o funcionário é coagido a devolver parte para o deputado. Janones foi um dos principais críticos da família Bolsonaro justamente por acusações de que aderem a prática.
Janones nega as acusações e afirma que suas declarações foram retiradas de contexto. Ele também diz que é vítima de “fake news”.
A presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), saiu em defesa de Janones, dizendo que “a gente sabe como funciona o mecanismo da extrema direita, acusam os outros do que eles mesmo fazem, distorcem fatos e geram fake news”.
O ex-deputado e ex-procurador Deltan Dallganol (Novo) pediu a quebra de sigilo bancário e fiscal de Janones, bem como uma investigação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre as movimentações financeiras atípicas. Dallagnol também apontou o crime de caixa dois.
A relação de servidores contratados por Janones inclui um de nome Mário, contratado desde fevereiro de 2019, época da gravação. Hoje ele recebe um salário bruto de R$ 16.640,22. Procurado pela reportagem, não foi localizado.
Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados
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