O evento celebra a chegada do primeiro trabalho de estúdio do artista potiguara, que tem a produção assinada por Guilherme Kastrup – ganhador de um Grammy Latino
O cantor e compositor potiguara Juão Nÿn se prepara para um reencontro com a sua terra em um show único hoje, dia 10. O disco NHE’ETIMBÓ registra o mergulho do artista em sua própria ancestralidade, como um contrafeitiço musical. Ao longo de nove faixas cantadas em Tupi, um prólogo e um epílogo com ruídos baseado no Grito/Canto dos Anjos*, o músico apresenta uma pesquisa pela cultura do próprio povo, em uma obra que entrelaça a riqueza cultural indígena com sons contemporâneos e dançantes. Juão desencadeia uma nova camada do projeto, agora, junto ao público em um show especial de lançamento do disco em Natal. O evento tem data marcada para o dia 10 de agosto (sábado), no palco da Sede Cultural DoSol, com capacidade para até 60 pessoas – os ingressos já estão disponíveis aqui.
“Eu penso arte e vida de uma forma muito integrada, então este lançamento é fruto deste movimento de colocar pra fora tudo o que já estava dentro de mim há tempos. São músicas que eu já canto entre os meus, com as pessoas que já estão comigo”, conta Juão. O álbum parte do conceito da fumaça como a ponte entre o mundo material e imaterial, baseado num ditado de Catimbó a fumaça é a voz. Ao longo das composições, todas em Tupi, o artista evoca a simbologia da fumaça, baseada na ideia do contrafeitiço, em que cada faixa é uma manifestação musical que busca transformar a percepção e a consciência do público.
Em um formato intimista, Juão celebra o lançamento com esta primeira apresentação, em que irá performar o disco completo. “Estou muito feliz de voltar pra minha terra e mostrar como estar perto não é só geográfico”, afirma o artista.
*Grito/Cantos do Anjos – som relatado pelos colonizadores, que os Potiguaras faziam ao serem executados queimados pelo calor de uma fogueira, amarrados de cabeça para baixo sobre elas.
SERVIÇO
Juão Nÿn faz show de lançamento de NHE’ETIMBÓ em Natal
Data: 10 de agosto (sábado)
Horário: 19h
Local: Sede Cultural Dosol
Endereço: Rua Professora Almira Melo do Amaral, 1963, Lagoa Nova, Natal
Ingressos: https://outgo.com.br/juao-nyn-na-sede-cultural-dosol
Capacidade para até 60 pessoas
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SOBRE JUÃO NÿN
Com uma veia artística pulsando desde a infância, Juão Nÿn não se resume em poucas palavras. O multiartista nascido em Natal, no Rio Grande do Norte, em 1989, carrega firmemente no peito a história de sua família e toda a comunidade indígena do único local do Brasil que não tem terra demarcada. Tal cenário torna ele guerreiro da cultura, que utiliza da mesma para a criação de novas narrativas e imaginários que se desdobrem em novas realidades. Formado em Teatro pela UFRN, em 2013, Juão trilha um caminho entre as diferentes formas de expressão rumo aos espaços de maior contato com o público, ecoando sua mensagem. O artista já se apresentou em marcantes edições do Festival Dosol (Rio Grande do Norte), além de eventos como o Palco do Rock (Bahia, 2009), o Open Circle (Suíça, 2010), e, mais recentemente, no Museu do Amanhã, no Semeia, em 2024 – entre outras apresentações.
Aos 12 anos, o artista e sua família migraram para Curitiba, onde ele começou a ter um bruto contato com uma visão xenofóbica e classista do Sul em relação ao Nordeste. Aquele movimento, no entanto, aproximou Juão ainda mais de sua história. O cantor e também compositor trocou a letra “i” pelo “y” em seu nome, em 2017, como parte de um movimento político quando começou a estudar sua língua originária. “O tupi está na nossa boca o tempo todo, tá nas ruas da cidade”, relata ele. Parte da sua reconexão com quem se é, a arte teve um papel fundamental, e se desdobrou por meio da performance tanto nos palcos de teatros quanto em shows de suas bandas AK-47, criada em 2006 com seu rock pesado, e a Androyde Sem Par, em 2013, formada por Juão Nÿn e Emmo Martins.
Em 2014, o multiartista se mudou pra São Paulo e, inquieto, mesmo com os trabalhos musicais, ele não desgrudou do teatro. Na capital, Juão ingressou no Coletivo Estopô Balaio, no qual segue fazendo parte há 10 anos. Ao longo de toda esta caminhada, o anseio por colaborações garantiu ao artista parcerias com Talma&Gadelha, em “CAÊ”; com Simona Talma, em “FICÇÃO”; e com a Drag Potyguara Bardo, em “YNCENSO”. Com a banda Androyde Sem Par, Juão acumulou indicações e premios como o de Melhor Canção, no Festival de Música do CEPRN 2013 (por voto popular e do júri), com a música “SAZONAL”. Além de levar nas categorias Revelação Musical, pelo Prêmio Troféu Cultura, em 2012; e Melhor Clipe, com “Não Há”, no 20º Prêmio Hangar de Música – neste ano, a mesma premiação o celebrou como Homenagem do Ano, em sua 21º edição. O artista ainda foi reconhecido por importantes veículos de comunicação globais como o The Guardian e (o nacional) Globo.
Agora, Juão Nÿn chega com uma leva de canções para “acordar desse coma colonial”, com o disco NHE’ETIMBÓ. Esta nova faceta de um histórico de trabalhos pautados pelas conexões entre a cultura tradicional e arte contemporânea, trará nove canções cantadas em Tupi. As temáticas fazem ponte entre suas experiências para formar novas constelações sonoras e estéticas. O primeiro traço deste movimento acontece com o single ABYA YALA, que chega para afirmar a “Terra Viva” dos povos originários. “Como um guerreiro da cultura, eu acredito que tô fazendo esse disco para desarmar algumas armadilhas, algumas fantasias coloniais para que a gente olhe mais para dentro, para que a gente olhe mais para si”, finaliza ele.
Fotos: Divulgação
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