Pesquisa da CNC aponta aumento moderado nas dívidas e estabilidade na inadimplência
O endividamento das famílias brasileiras alcançou 77% em novembro de 2024, um leve aumento em comparação ao mesmo período do ano anterior (76,6%), de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O crescimento está ligado ao uso sazonal do crédito para compras de fim de ano, aliado a uma gestão mais cautelosa do orçamento familiar.
Por outro lado, a inadimplência manteve sua trajetória de alta, atingindo 29,4% das famílias com dívidas em atraso – o maior índice desde outubro de 2023. Já o percentual de consumidores que afirmam não ter condições de quitar seus débitos subiu para 12,9%, um incremento em relação ao mesmo mês do ano passado (12,5%).
Segundo José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, o perfil do endividamento indica um comportamento mais consciente das famílias, com foco no equilíbrio financeiro. “Apesar do aumento sazonal do uso do crédito, o impacto na renda mensal tem diminuído, o que reflete uma gestão mais responsável das finanças”, afirmou.
Famílias de baixa renda enfrentam maiores dificuldades
Entre as famílias com renda de até três salários mínimos, o endividamento subiu para 81,1%, enquanto 37,5% enfrentam dívidas em atraso e 18,5% não conseguem quitá-las. Em contrapartida, nas famílias com renda superior a 10 salários mínimos, o endividamento caiu para 66,7%, e apenas 5% afirmaram não ter condições de pagar suas dívidas.
O comprometimento médio da renda com dívidas registrou queda, ficando em 29,8%, e o percentual de famílias que comprometem mais de 50% da renda caiu para 20,3%, o menor índice desde agosto de 2024.
Cartão de crédito lidera, mas crédito pessoal avança
O cartão de crédito segue como a principal modalidade de dívida, presente em 83,8% das famílias endividadas, embora tenha registrado uma queda de 3,9 pontos percentuais em relação a novembro de 2023. O crédito pessoal, por sua vez, destacou-se com crescimento de 2,5 pontos percentuais no comparativo anual, impulsionado pelas menores taxas de juros.
A CNC projeta que o endividamento continuará aumentando em dezembro devido às compras de Natal, mas a inadimplência deve permanecer estável, indicando uma adaptação das famílias ao cenário de juros altos. “A recuperação do consumo está atrelada à gestão consciente do crédito. O momento exige cautela, mas também é uma oportunidade para consolidar práticas financeiras mais sustentáveis”, concluiu Fabio Bentes, economista-chefe da CNC.
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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