Atuação do Banco Central e aprovação de medidas fiscais impulsionam desvalorização do dólar frente ao real, em semana de alta volatilidade
O dólar encerrou esta sexta-feira (20.dez.2024) com queda de 0,87%, cotado a R$ 6,0710, marcando o segundo recuo consecutivo frente ao real. A desvalorização ocorreu após o Banco Central (BC) injetar US$ 7 bilhões no mercado e o Senado concluir a votação do pacote fiscal do governo. A moeda norte-americana também apresentou queda no cenário internacional, o que contribuiu para o movimento interno.
Apesar do recuo nesta sexta, o dólar acumulou alta de 0,69% na semana, reflexo da volatilidade e da cautela dos investidores quanto às políticas fiscais do país. A intervenção do Banco Central se deu por meio da venda de US$ 3 bilhões em leilão à vista pela manhã, seguida por mais US$ 4 bilhões em leilões de linha, totalizando US$ 7 bilhões em um único dia.
Desde a quinta-feira da semana anterior, o BC já soma US$ 27,77 bilhões em intervenções no mercado cambial, com o objetivo de conter a valorização expressiva do dólar frente ao real. A expectativa do mercado é que novas atuações possam ocorrer, dependendo do comportamento das cotações.
Outro fator determinante para a desvalorização do dólar foi a aprovação do pacote fiscal pelo Senado. A proposta inclui restrição ao acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e limita o aumento real do salário mínimo. O pacote é composto por três medidas, incluindo uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para redução de despesas obrigatórias e um projeto de lei complementar que estabelece limites para os gastos públicos. A PEC foi promulgada nesta sexta-feira, consolidando a votação antes do recesso parlamentar.
As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também repercutiram positivamente no mercado cambial. Durante a tarde, Lula afirmou que Gabriel Galípolo, próximo presidente do Banco Central, conta com sua total confiança e a da equipe econômica. O presidente assegurou que não haverá interferência política nas decisões do BC, reforçando a autonomia da instituição.
Após o pronunciamento, o dólar atingiu a cotação mínima do dia, de R$ 6,0456 (-1,29%) às 15h57, após ter registrado a máxima de R$ 6,1154 (-0,15%) pela manhã. A unificação do discurso entre o presidente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, contribuiu para o movimento positivo.
Ibovespa fecha em alta
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), encerrou esta sexta-feira em alta de 0,5%, alcançando 121.788,99 pontos. A valorização foi impulsionada pelo alívio nas taxas dos contratos de Depósitos Interfinanceiros (DIs) e pela queda do dólar ante o real, reflexo direto da aprovação do pacote fiscal e da declaração de Lula sobre a autonomia do próximo presidente do Banco Central.
Ao longo do dia, o Ibovespa oscilou entre a mínima de 120.700,49 pontos e a máxima de 122.209,26 pontos. Apesar do ganho no pregão, o índice acumulou queda de 2,27% na semana, influenciado pela instabilidade do mercado e pelas incertezas fiscais.
O volume financeiro na B3 alcançou R$ 25,95 bilhões antes dos ajustes finais, impactado pelo vencimento de opções sobre ações. Investidores monitoram os próximos passos do governo em relação à política fiscal e aguardam novas medidas que possam trazer estabilidade ao cenário econômico brasileiro.
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil/Arquivo
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