Ex-presidente, Ramagem, Carlos Bolsonaro e atuais diretores da Abin estão entre os mais de 30 indiciados
A Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito que investigava o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitoramento ilegal de opositores políticos durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O caso ficou conhecido como “Abin paralela”.

De acordo com o relatório da PF, mais de 30 pessoas foram indiciadas por envolvimento em um esquema que teria utilizado estruturas da Abin para espionagem com finalidades políticas e pessoais. Entre os indiciados estão o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-diretor-geral da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), e o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL).
Indiciamentos atingem também atuais gestores da Abin
O inquérito não se limitou a autoridades ligadas ao governo anterior. Também foram indiciados o atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, nomeado em 2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o atual número dois da agência, Alessandro Moretti.

Segundo a PF, houve conluio entre integrantes da atual gestão e da administração anterior da agência para evitar que os monitoramentos ilegais fossem expostos. A investigação identificou que a estrutura da Abin foi utilizada de forma sistemática e irregular entre 2019 e 2023.
Luiz Fernando Corrêa já havia comandado a Polícia Federal durante o segundo mandato do presidente Lula, entre 2007 e 2011, e é considerado um nome de confiança dentro do Partido dos Trabalhadores (PT).
Esquema utilizou software de espionagem
O inquérito aponta que o esquema de espionagem foi operacionalizado com o uso do software FirstMile, apelidado de “espião”. A ferramenta teria sido utilizada pela Abin em pelo menos 60 mil acessos entre 2019 e 2023, com um pico registrado no ano de 2020, período das eleições municipais.
As investigações sobre o uso do software resultaram na deflagração da Operação Última Milha, realizada em outubro de 2023. Segundo a PF, o software foi usado para rastrear e monitorar, de maneira ilegal, a localização de alvos sem autorização judicial.
Operações e desdobramentos
Outro desdobramento da investigação ocorreu em janeiro de 2024, quando a Polícia Federal realizou buscas em endereços ligados a Alexandre Ramagem, como parte da Operação Vigilância Aproximada.

A PF sustenta que a Abin foi “aparelhada” durante o governo Bolsonaro para monitorar adversários políticos e proteger aliados, agindo fora dos limites legais estabelecidos para a atividade de inteligência no país.
Com a conclusão do inquérito, o caso segue para análise do Ministério Público Federal, que poderá oferecer denúncia contra os indiciados ou solicitar novas diligências.
Foto: Marcos Brandão/Agência Senado / Marcos Corrêa/PR / Antonio Cruz/Agência Brasil
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