Exportações de pescado do RN para os EUA despencam 80%

Exportações de pescado do RN para os EUA despencam 80%

Tarifa de 50% imposta pelos EUA afeta pesca e sal potiguar; setor busca alternativas para evitar demissões

Exportações de pescado do RN para os EUA despencam 80%

As exportações de pescado do Rio Grande do Norte para os Estados Unidos registraram queda de 80% desde a entrada em vigor da tarifa de 50% imposta pelo governo norte-americano. A medida, adotada pelo presidente Donald Trump, afetou diretamente o setor pesqueiro potiguar, que agora exporta apenas 20% do volume anteriormente destinado ao mercado dos EUA.

Segundo o Sindicato da Indústria da Pesca do RN (Sindipesca), o impacto da tarifa resultou na paralisação de metade da frota de navios de pesca de atum no estado. O volume exportado caiu de cerca de 300 toneladas mensais para menos de 50 toneladas. Parte do custo da taxação está sendo absorvida pelas indústrias e parte pelos compradores, por meio de negociações diretas entre empresas.

Apesar da queda nas exportações, o setor ainda não registrou demissões. Algumas empresas optaram por conceder férias aos trabalhadores como forma de manter os empregos diante da redução na produção.

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior indicam que as exportações totais do RN para os Estados Unidos caíram 74% entre julho e agosto, passando de US$ 6,25 milhões para US$ 1,62 milhão. Os segmentos mais afetados foram a pesca e o sal, que mantinham forte presença no mercado norte-americano.

O presidente do Sindipesca-RN, Arimar França Filho, afirmou que a expectativa é pela rápida regulamentação do Plano Brasil Soberano, que prevê acesso ao crédito e medidas para preservar empregos. Ele também destacou a importância da abertura do mercado europeu como alternativa para compensar as perdas com os EUA.

No setor salineiro, que tinha 47% das exportações voltadas para os Estados Unidos, a preocupação é com a perda de clientes. O presidente do Sindicato da Indústria de Extração do Sal no RN (Siesal), Airton Torres, considera o prejuízo incalculável e alerta para os riscos de não conseguir recuperar os clientes perdidos no futuro. Ainda assim, as empresas do setor não cogitam cortes de pessoal e concentram esforços na manutenção dos empregos.

Uma das medidas adotadas para mitigar os efeitos da crise foi a ampliação temporária do Programa de Estímulo ao Desenvolvimento Industrial do RN (Proedi), que dobrou os incentivos do ICMS e garantiu até R$ 2 milhões em crédito presumido. A inclusão do sal no programa Reintegra também foi discutida com o vice-presidente Geraldo Alckmin, em Brasília.

A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN) tem atuado em conjunto com os governos federal e estadual para buscar soluções. O presidente da entidade, Roberto Serquiz, participou de missão aos Estados Unidos para apresentar os impactos do tarifaço às instituições locais. Segundo ele, o sal potiguar é reconhecido pela pureza e qualidade, e o atum também possui características que o tornam difícil de substituir no mercado norte-americano.

Serquiz afirmou que a prioridade é manter os empregos e buscar alternativas comerciais. Algumas empresas estão programando férias para os colaboradores e sacrificando margens de lucro para manter o mercado. Os próximos seis meses serão decisivos para avaliar se haverá desligamentos ou perdas reais no setor.

O secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico do RN, Hugo Fonseca, informou que o decreto estadual ampliou o apoio às empresas afetadas, com foco na diversificação de mercados. Ele destacou o crescimento das exportações brasileiras para o México (43,8%) e para o Mercosul (40,4%) em agosto como sinais positivos.

Em nível nacional, o Plano Brasil Soberano prevê R$ 30 bilhões em crédito via Fundo Garantidor de Exportações, aumento das alíquotas do Reintegra, prorrogação do regime de drawback e apoio a produtores por meio de compras públicas. A expectativa é que as linhas de crédito sejam regulamentadas ainda em setembro, beneficiando diretamente as empresas do Rio Grande do Norte.

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

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