Criminosos usam patinetes alugados com cartões clonados para traficar drogas em Natal

Criminosos usam patinetes alugados com cartões clonados para traficar drogas em Natal

Por Thiago Martins – thiagolmmartins@gmail.com
Mobilidade em Pauta

Uma nova polêmica cerca o sistema de patinetes elétricos compartilhados de Natal. Criminosos estão utilizando cartões de crédito clonados para alugar os veículos e realizar tráfico de drogas em diferentes regiões da capital potiguar, de acordo com informações do 1º Batalhão da Polícia Militar e divulgadas pelo Portal da Tropical.

Segundo a empresa responsável pela operação, cerca de 500 patinetes foram alugados de forma irregular nas últimas 24 horas, todos com dados de um mesmo cartão clonado. Os casos se concentram principalmente nos bairros Ponta Negra, Rocas e Mãe Luíza, áreas de maior uso dos equipamentos.

Durante um patrulhamento na madrugada desta segunda-feira (27), policiais militares abordaram um adolescente de 17 anos trafegando em um dos patinetes na Avenida José Bento, no bairro Alecrim. Com ele, foram encontrados entorpecentes e dinheiro fracionado. O jovem confessou que utilizava o veículo para entregar drogas e admitiu ter feito o aluguel com cartão clonado.

A empresa operadora confirmou o golpe e afirmou que está colaborando com as autoridades para identificar os responsáveis e reforçar os mecanismos de segurança. O caso foi encaminhado à Delegacia de Plantão da Zona Sul, que dará continuidade às investigações.

Como funciona o sistema de patinetes em Natal

O serviço de patinetes elétricos compartilhados foi lançado em Natal no fim de semana de 21 de setembro, em fase experimental, dentro da Semana Nacional de Trânsito e do Dia Mundial Sem Carro.

Operado pela empresa Jet, o sistema disponibilizou 600 equipamentos com rastreamento por GPS, freios, campainha, faróis de LED e limite de velocidade de 20 km/h. A proposta era incentivar a mobilidade sustentável e ampliar as opções de micromobilidade urbana em sintonia com o Plano Cicloviário de Natal, que já conta com mais de 113 km de malha cicloviária.

A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU) e a Secretaria de Parcerias e Inovação (Sepae) ficaram responsáveis pela fiscalização e regulamentação do uso, que deveria obedecer a regras básicas — como uso por maiores de idade, proibição de transporte de cargas ou passageiros, e circulação apenas em ciclovias, ciclofaixas ou ciclorrotas.

Irregularidades e mau uso preocupam autoridades

Desde o início da operação, a Prefeitura já havia alertado sobre o uso incorreto dos patinetes, que vinha gerando reclamações de moradores e usuários nas redes sociais.

Em alguns casos, veículos foram deixados em locais inadequados, dificultando a circulação de pedestres. Outros foram usados em vias não permitidas, ou até mesmo sob efeito de álcool — o que é expressamente proibido.

De acordo com a diretora de Fiscalização e Vistoria da STTU, Emily Vasconcelos, há um mapa de circulação no aplicativo, indicando as zonas liberadas e restritas. “A prioridade é sempre o uso dentro das ciclofaixas que temos disponíveis na cidade”, afirmou à época do lançamento.

A gerente da Jet, Eduarda Brito, explicou que os pontos de estacionamento estão marcados no aplicativo e que retirar o patinete de áreas permitidas faz com que o veículo trave automaticamente.

Empresa promete reforçar segurança e monitoramento

Com a descoberta das fraudes com cartões clonados, a Jet informou que está adotando novas medidas de rastreamento e verificação de dados, incluindo bloqueio preventivo de contas suspeitas e cruzamento de informações com operadoras de cartão.

A empresa também destacou que todos os veículos são monitorados em tempo real por GPS, o que deve facilitar a identificação das rotas usadas pelos criminosos.

A STTU, por sua vez, afirmou que o caso será analisado junto às forças de segurança e que a prefeitura “mantém diálogo constante com a operadora para garantir que o serviço não seja desvirtuado de sua finalidade original”.

O projeto que nasceu para a mobilidade sustentável

O serviço de patinetes foi inicialmente recebido como uma inovação no transporte urbano da capital, integrando o programa Conexão ODS, voltado à sustentabilidade e ao desenvolvimento urbano moderno.

Com a recente onda de crimes envolvendo o sistema, cresce o debate sobre segurança digital, fiscalização e controle de usuários em plataformas de micromobilidade.

Enquanto a investigação prossegue, autoridades reforçam o alerta: o uso de dados falsos ou clonados para acessar o serviço é crime de estelionato, sujeito a penas previstas no Código Penal.

Foto: Reprodução / Arquivo

thiago martins

Sobre Thiago Martins, colunista do Por Dentro do RN

Thiago Martins é jornalista formado pela UFRN e há 15 anos dedica-se ao estudo e à cobertura do setor de mobilidade urbana. Escreve sobre o tema desde o início da carreira, colaborando com portais de notícias especializados e acompanhando de perto as transformações na mobilidade ativa, no setor de transportes e na infraestrutura urbana. É proibida a reprodução total ou parcial deste texto sem autorização do autor e sem a inserção dos créditos, de acordo com a Lei nº 9610/98.

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