Editorial POR DENTRO DO RN

A Prefeitura de Extremoz está no centro de uma polêmica que expõe a falta de organização administrativa e o amadorismo na gestão pública. Um erro básico na cobrança do IPTU – imposto fundamental para o funcionamento dos serviços municipais – pode causar um rombo milionário aos cofres da cidade.
A situação veio à tona após decisão do juiz Ederson Solano Batista de Morais, que, ao analisar uma ação de cobrança de IPTU movida pela Prefeitura contra um morador, constatou que o município não conseguiu comprovar a entrega regular do carnê do imposto. O magistrado classificou a falha como grave e preocupante, chegando a determinar que o Ministério Público investigue se o município tem cumprido o devido processo administrativo tributário antes de efetuar cobranças.
Em palavras diretas, o juiz alertou: se for confirmado que a Prefeitura não cumpre corretamente o procedimento de lançamento e notificação do contribuinte, isso pode gerar prejuízo milionário ao erário público.
E o alerta é real. Considerando que Extremoz tem mais de 32 mil domicílios, se apenas metade dos contribuintes estiver envolvida em situações semelhantes, o dano potencial pode ultrapassar R$ 5 milhões — um valor absurdo para uma cidade que ainda enfrenta carências básicas em infraestrutura, saúde e mobilidade.
Um erro que revela muito mais que desorganização
Erros podem acontecer em qualquer gestão pública. No entanto, esse tipo de erro – básico, técnico e previsível – demonstra desleixo e falta de planejamento. A cobrança de impostos é uma das funções mais elementares de uma administração municipal. Se a Prefeitura falha até mesmo em algo tão fundamental, o que esperar das áreas mais complexas?
A prefeita Jussara Sales (PL), que assumiu prometendo “modernizar” a máquina pública e tornar Extremoz uma cidade mais eficiente, precisa responder à população. Afinal, como se justifica uma Secretaria de Tributação que não consegue comprovar o envio de um documento fiscal?
Mais do que uma falha técnica, o episódio revela um colapso de gestão – reflexo de uma prefeitura que parece operar no improviso, sem controle interno eficaz, sem sistemas integrados e sem a mínima noção de transparência administrativa.
Extremoz cresce, mas a gestão não acompanha
Nos últimos anos, Extremoz tem experimentado crescimento populacional e imobiliário acelerado. Bairros novos surgem, empreendimentos se multiplicam, e a arrecadação municipal deveria acompanhar esse avanço. Contudo, a cidade continua patinando na mesma desorganização estrutural que há décadas a impede de dar um salto de desenvolvimento.
Enquanto o número de habitantes aumenta, faltam médicos nos postos de saúde, o transporte público é precário, e as ruas permanecem em estado lamentável. Agora, descobre-se que a Prefeitura corre o risco de perder milhões de reais por erro administrativo primário.
A prefeita Jussara Sales, que já enfrentou críticas por contratações questionáveis e falta de diálogo com o funcionalismo público, parece assistir à gestão deslizar por entre os dedos – sem rumo, sem planejamento e, principalmente, sem autocrítica.
Quando o erro vira prejuízo coletivo
O caso do IPTU em Extremoz precisa servir de lição e alerta. Não se trata apenas de uma falha burocrática, mas de um sintoma claro de desgoverno. Cada real perdido por incompetência administrativa é um real a menos na saúde, na educação, no saneamento e na melhoria da vida do cidadão.
Se confirmadas as irregularidades, o Ministério Público deve agir com rigor, exigindo responsabilização e transparência. A população de Extremoz merece respostas – e, sobretudo, respeito com o dinheiro público.
Porque, no fim das contas, o erro da Prefeitura não é apenas técnico. É político. E é o povo quem paga a conta.
Foto: Reprodução/Redes Sociais
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