Projetos devem gerar mais de 2 mil empregos e ampliar capacidade de escoamento da energia renovável no estado potiguar
O Rio Grande do Norte deve receber R$ 805 milhões em investimentos com o resultado do Leilão de Transmissão 4/2025, promovido nesta sexta-feira (31) pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O certame movimentou R$ 5,53 bilhões em investimentos voltados à implantação de linhas e subestações em 12 estados brasileiros.
De acordo com estimativas oficiais, os empreendimentos previstos para o Rio Grande do Norte devem gerar 2.299 empregos diretos e indiretos, fortalecendo a infraestrutura de transmissão e o escoamento da energia renovável produzida no estado.

O Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne) avaliou que o leilão representa um avanço para o setor, sobretudo diante do cenário de sobrecarga e perdas ocasionadas pela limitação da capacidade de transmissão na região Nordeste. O órgão técnico considera que a iniciativa pode reduzir o impacto do curtailment — mecanismo que impõe cortes na geração de energia por insuficiência na rede de escoamento — e oferecer maior estabilidade operacional aos parques eólicos e solares potiguares.
Investimentos no Rio Grande do Norte
O estado foi contemplado com o Lote 7, arrematado pela Axia Energia (antiga Eletrobras CGT Eletrosul), que prevê a instalação de dois empreendimentos estratégicos:
- Subestação 500 kV Açu III – Compensações Síncronas 2 × (-200/+300) Mvar;
- Subestação 500 kV João Câmara III – Compensação Síncrona 1 × (-200/+300) Mvar.
O lote foi dividido em duas etapas:
- Lote 7A: investimento de R$ 536,5 milhões, com oferta vencedora de R$ 48,2 milhões e deságio de 44,81% sobre a Receita Anual Permitida (RAP);
- Lote 7B: investimento de R$ 268,5 milhões, com oferta vencedora de R$ 23,7 milhões e deságio de 45,79%.
As obras têm prazo de conclusão de até 42 meses e devem ampliar a capacidade de transmissão e estabilidade elétrica do sistema potiguar, reforçando a integração da matriz energética renovável com o Sistema Interligado Nacional (SIN).
Contexto do setor elétrico e impacto regional
Segundo o Cerne, a ampliação da infraestrutura de transmissão no Nordeste é um passo necessário para evitar perdas financeiras no setor de geração renovável, que enfrenta limitações técnicas em razão da falta de linhas suficientes para escoamento da energia produzida.

A entidade também destacou que os novos empreendimentos criam condições para o fortalecimento da cadeia produtiva de energia limpa, abrindo espaço para a instalação de indústrias ligadas à economia verde, como data centers, hidrogênio verde e metalurgia de baixo carbono.
O órgão defende que a expansão da rede elétrica deve ser acompanhada por uma estratégia regional de desenvolvimento, capaz de integrar geração, consumo e novos polos industriais, consolidando o Nordeste como referência nacional em transição energética.
Axia Energia investe R$ 1,63 bilhão em novos lotes
A Axia Energia foi a responsável por dois dos lotes arrematados no leilão da Aneel, somando R$ 1,63 bilhão em investimentos e uma receita futura estimada em R$ 138,7 milhões. Os aportes abrangem projetos nos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Norte, correspondendo a 30% do total de investimentos do certame.
Além do Lote 7, referente ao território potiguar, a empresa venceu a disputa pelos Lotes 6A e 6B, em Minas Gerais:
- Lote 6A: investimento de R$ 542,5 milhões e oferta vencedora de R$ 43,1 milhões, com deságio de 51,17% sobre a RAP;
- Lote 6B: investimento de R$ 282,8 milhões e oferta vencedora de R$ 23,7 milhões, com deságio de 48,43%.
O Leilão de Transmissão 4/2025 prevê a construção de 1.081 quilômetros de novas linhas de transmissão, 2 mil MVA de capacidade de transformação e sete compensações síncronas em diferentes estados. Esses equipamentos são responsáveis por garantir maior estabilidade e confiabilidade ao sistema elétrico nacional.

A Axia Energia é responsável por cerca de 37% das linhas de transmissão do SIN, totalizando 74 mil quilômetros de rede, e atua com foco em geração 100% renovável, operando 81 usinas (47 hídricas, 33 eólicas e uma solar).
Foto: Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) / Joel Rodrigues/Agência Brasília
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