Secretaria de Agricultura do RN discute estratégias contra Xanthomonas campestris pv. Viticola em reunião com Ministério da Agricultura
RN define medidas para combater praga na uva após confirmação pelo Mapa
A Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio Grande do Norte (Sape) vai se reunir na próxima semana com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para definir estratégias de combate à praga Xanthomonas campestris pv. Viticola, bactéria que afeta plantações de uva e é considerada uma das mais preocupantes para a viticultura brasileira. A confirmação da presença da praga no estado foi publicada no Diário Oficial da União na segunda-feira (10), por meio da portaria nº 1.443.
Segundo Guilherme Saldanha, titular da Sape, a produção de uvas no RN é recente, com cerca de três anos, e ainda tem volume reduzido. “Atualmente, existem no máximo 50 hectares em produção em cerca de 10 propriedades rurais. Algumas fazendas trabalham com produção de vinho, mas tudo o que é produzido fica no Rio Grande do Norte”, afirmou.
Medidas em análise
Duas frentes estão sendo discutidas para conter a praga: a erradicação dos pomares ou o reconhecimento oficial da ocorrência da doença no estado, acompanhado de monitoramento sanitário para evitar o transporte de material vivo das plantas. “Estamos discutindo com o Mapa qual medida vamos adotar em conjunto. Na próxima semana teremos uma reunião para, depois disso, tomarmos uma decisão”, explicou Saldanha.
A praga, conhecida como Cancro-Bacteriano da videira, não altera o aspecto da fruta, mas compromete o desenvolvimento das plantas. Quando não controlada, pode levar à morte da videira. A doença provoca lesões em folhas, ramos e frutos, com sintomas iniciais caracterizados por pequenos pontos escuros de 1 a 2 milímetros, que podem evoluir para necrose de grandes áreas do tecido foliar. Nos ramos e cachos, surgem manchas escuras e alongadas que evoluem para fissuras negras, os chamados cancros. As bagas podem apresentar áreas necróticas e deformações.

Controle e prevenção
De acordo com a Embrapa, o monitoramento constante é essencial durante todo o ciclo da planta. Entre as principais medidas de controle estão o uso de mudas sadias, eliminação de ramos infectados e desinfecção das ferramentas após o uso em plantas doentes. O transporte de material vegetativo de regiões afetadas, como Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), para outras áreas do país é proibido para evitar disseminação.
A praga foi identificada pela primeira vez na Índia, em 1969, e chegou ao Brasil em 1998, no Vale do São Francisco. Em 2001, foi detectada no Ceará e, desde então, também tem registros em Roraima.
Posicionamento da Faern
A Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do RN (Faern) divulgou nota nesta quarta-feira (12) afirmando que acompanha a situação e reforçando que a doença não oferece risco à saúde humana nem compromete o consumo das frutas. Embora não exista cura, a entidade destacou que o cancro da videira é controlável com práticas adequadas de manejo e erradicação dos focos.
A Faern recomenda que produtores adquiram mudas com Certificado Fitossanitário de Origem (CFO), higienizem ferramentas e comuniquem ao Idiarn qualquer suspeita de contaminação. A federação também ressaltou que estados vizinhos convivem com a praga há anos sem prejuízos significativos à expansão da viticultura.
O RN deve definir as medidas após reunião com o Mapa, garantindo suporte técnico aos produtores e ações para evitar a propagação da doença.
Foto: Marcos Santos/USP Imagens
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