Itans opera com 0,06% da capacidade e Passagem das Traíras registra 0,03%
O volume de água armazenada nos reservatórios do Rio Grande do Norte está em 40,29%, redução de 39,8% em comparação com os 66,95% registrados em 14 de novembro de 2024. Os dados foram divulgados pelo Instituto de Gestão das Águas do RN (Igarn) nesta segunda-feira (24). Dos 5.291.480.649 metros cúbicos de capacidade total, os 69 reservatórios monitorados acumulam 2.132.027.539 m³. Entre eles, 30 registram menos de 20% da capacidade e 19 têm entre 20% e 40%.
O reservatório de Itans, em Caicó, está entre os que apresentam menor volume, com 0,06% da capacidade total de 75.876.405 m³, armazenando 49.115 m³. Já a barragem Passagem das Traíras, localizada em São José do Seridó, possui o menor percentual entre os açudes monitorados, com 0,03% da capacidade, acumulando 17.210 m³ de um total de 49.702.393 m³. Do total de reservatórios analisados pelo Igarn, 54 registram volume inferior a 50%.

As duas maiores barragens do Rio Grande do Norte também apresentam níveis reduzidos. A Armando Ribeiro Gonçalves, situada no Vale do Açu, opera com 48,03% da capacidade, podendo acumular até 2,373 bilhões de metros cúbicos. A barragem de Oiticica, localizada em Jucurutu, registra 14,77% do volume, com capacidade de aproximadamente 742,6 milhões de metros cúbicos.
O Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas indica que 83,83% dos municípios do RN apresentaram algum nível de seca em outubro, equivalente a 140 municípios. A categoria mais frequente foi a seca grave, presente em 37,13% dos municípios, totalizando 62 localidades. Apenas 16,17% dos municípios não registraram seca relativa no período. A incidência de seca grave se concentrou nas regiões do Alto Oeste e do Seridó.

A Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio Grande do Norte (Faern) avalia que os níveis atuais dos reservatórios representam risco para setores dependentes da disponibilidade de água. A entidade afirma que os impactos são perceptíveis na agricultura e na pecuária. Em nota, a Faern relata que produtores de agricultura de sequeiro registram perdas relacionadas à irregularidade das chuvas, reduzindo ciclos produtivos e produtividade. No setor da fruticultura irrigada, a redução do volume útil dos reservatórios tem ampliado custos operacionais devido ao aumento no bombeamento e no consumo de energia.
O presidente da Faern, José Vieira, afirma que são necessárias políticas públicas de gestão de recursos hídricos para manter a competitividade da fruticultura irrigada, garantir a continuidade da agricultura familiar e viabilizar condições para que a pecuária atravesse períodos de estiagem. Ele destaca a necessidade de planejamento e de ações voltadas ao enfrentamento de períodos de seca recorrentes.
Em 1º de outubro, o Governo do RN reconheceu situação de seca em 147 municípios após a redução das chuvas em 2025. Na ocasião, foram anunciadas medidas para enfrentamento à estiagem no semiárido potiguar. Entre as ações previstas estão a perfuração e instalação de 500 poços até abril de 2026, a construção de 2.500 cisternas e a recuperação e instalação de sistemas de dessalinização.
No setor agrícola, o Governo informou que mantém projeto da Emparn para produção de feno subsidiado, voltado a pequenos produtores. O Estado também anunciou a distribuição de palma forrageira, destinada ao consumo imediato dos rebanhos e ao fornecimento de mudas para alimentação futura dos animais.
O abastecimento da zona rural de 76 municípios ocorre por meio do Programa Operação Carro-Pipa. A reportagem solicitou informações atualizadas à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) e à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (Sedraf) sobre ações de enfrentamento à crise hídrica e medidas voltadas ao setor agrícola, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
Foto: Arquivo/POR DENTRO DO RN/Ilustração / Arquivo/IGARN
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