Vigilante que sacou arma em manifestação no Alecrim é filiado ao PSOL; partido iniciou processo de expulsão do homem

Homem flagrado sacando arma para mulheres em manifestação no Alecrim é filiado ao PSOL; partido iniciou processo de expulsão do vigilante

Mulheres do Partido Socialismo e Liberdade (PSol) no Rio Grande do Norte exigem a expulsão do vigilante que sacou arma durante manifestação na última quarta-feira.

Betuel Silva Chagas, o vigilante que sacou arma para as mulheres que se manifestavam no Alecrim na última quarta-feira, 25 de agosto, é filiado ao PSOL. De acordo com uma nota oficial divulgada pelo partido na tarde desta quinta-feira, 26, os trâmites para que Betuel seja “julgado e punido nas instâncias legais” já foram iniciados.

Além disso, o PSOL também alega que já requisitou a retirada imediata dos direitos políticos de Betuel dentro da legenda e aguarda a expulsão do vigilante dos quadros do partido. De acordo com informações, Betuel Silva Chagas, de 39 anos, apesar de não ser militante, tem seu nome ligado à sigla.

Confira a nota oficial do PSOL em que pede expulsão de vigilante que sacou arma e ameaçou mulheres:

Unidas, mulheres de vários partidos, coletivos e movimentos sociais foram às ruas no dia de ontem, 25/08/2021, em ato de alusão ao mês do Agosto Lilás, construído com o objetivo de chamar atenção da sociedade sobre os diversos tipos de violência sob as quais estamos submetidas, e a urgente necessidade de que o Estado assuma a responsabilidade e garanta a segurança e vida das mulheres. Nesse sentido, o bairro do Alecrim, em Natal/RN, foi o local escolhido, por ter sido cenário do assassinato brutal de Joice Cilene, morta pelo seu companheiro no dia 11/08/2021 a facadas numa das calçadas das lojas do centro.

É com muito pesar e revolta, que semana a semana temos presenciado nos noticiários, os crescentes casos de feminicídio em nosso Estado, um dos mais letais do país para mulheres e pessoas LGBT. Calcula-se pelo menos 23 vítimas, desde o início da pandemia até agora, enquanto a violência doméstica cresceu em até 44,3%. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Sou da Paz (ISP) e publicada pelo jornal Folha de São Paulo mostrou que nos últimos 20 anos, 51% das mortes de mulheres vítimas de violência letal foram mortas por disparo de arma de fogo por arma de fogo, onde 70,04% dessas mulheres são negras, 51, 8% eram jovens de até 29 anos e 43% das vítimas fatais residiam no Nordeste do Brasil.

Apesar desse cenário, nos últimos anos, o desmonte das verbas destinadas à segurança e vida das mulheres tem sido ainda mais acelerado, e é expressiva a relação entre o aumento da violência feminicida, e a redução dessas políticas públicas. o Governo Bolsonaro nessa direção praticamente zerou o orçamento do Ministério da mulher, da família e dos direitos humanos, enquanto concentra os seus esforços em facilitar o acesso de armas a sociedade civil, mesmo diante da crise econômica, política e sanitária que estamos vivenciando, aprofundada por seu governo, e institucionalizando nos mais diversos campos e domínios a sua política de morte.

Nós, mulheres do PSOL, nas esferas do município, do estado e nacionalmente, sempre estivemos presentes nas lutas em defesa das nossas vidas e da vida de todas as mulheres. Nossa atuação se reflete desde o enfrentamento aos setores mais conservadores por dentro do parlamento, diante de nossa bancada feminista, como por fora dele, expressivamente nas ruas, desde a fundação do nosso partido. Organizamos campanhas, debates e diversos atos país afora. Nos comprometemos diariamente com a construção de uma nova sociedade, anticapitalista, e que necessariamente perpassa pela construção de um movimento feminista forte, e capaz de denunciar e fazer os devidos enfratamentos da violência heteropatriarcal, capitalista e racista de onde quer que ela venha.

Diante disso, é com muita revolta que presenciamos um filiado do nosso partido, mesmo que não militante e não atuante em nossas instâncias, sacar uma arma em direção ao movimento de mulheres que participava do último ato do agosto lilás. É sintomático que em um ato de enfrentamento à violência contra as mulheres um homem se sinta encorajado a enfrenta-las, armado. As imagens que estão nas mídias sociais mostram nitidamente que tenta avançar com sua moto em cima de mulheres e crianças que carregavam apenas faixas e cartazes. O mesmo saca uma arma e vai até as manifestantes apontando em direção à elas que, incrédulas, correm, gritam e pedem respeito. Uma manifestação construída por mulheres pelo fim do feminicídio foi brutalmente atacada por um homem com uma arma!

Foto: Reprodução

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