Casa Escola tem sustentabilidade na prática

Casa Escola tem sustentabilidade na prática

Escola de Natal mostra que adotar medidas sustentáveis no dia a dia pode reduzir gastos e contribuir para a educação de crianças e adolescentes

Muito tem se falado sobre sustentabilidade. Mas como colocá-la em prática no dia a dia? Desligar a torneira, enquanto se escova os dentes; apagar as luzes ao sair dos ambientes; usar mais sacolas de pano e recusar, sempre que possível, as de plástico são atitudes simples, mas que podem provocar um grande impacto, não apenas no Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado no próximo dia 05 de junho, mas principalmente, se praticadas ao longo dos anos.

Segundo pesquisa do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) divulgada em 2019, o Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico no mundo, com 11,3 milhões de toneladas por ano, e um dos países que menos reciclam (apenas 1,2% desse total é reciclado), ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia.

Em Natal, porém, existem várias pessoas e empresas comprometidas em adotar medidas mais sustentáveis, como a Casa Escola, por exemplo. Lá, as crianças aprendem desde cedo sobre a necessidade de economizar, reutilizar e reduzir o desperdício. Para reduzir os custos e o impacto ambiental provocado pela utilização de copos descartáveis, a escola criou uma campanha para incentivar o uso de garrafinhas pelos estudantes, professores e funcionários. As medidas vêm surtindo efeito e, por toda a escola, é possível ver os alunos carregando suas garrafinhas coloridas; um primeiro passo para quem deseja se tornar mais sustentável através de um consumo consciente.

“A gente escuta muito as pessoas falarem sobre sustentabilidade. Daí, pensamos: como me tornar mais sustentável? A Casa Escola educa para a sustentabilidade tanto na reflexão quanto na ação. Os próprios alunos dividem incômodos em relação ao desperdício que vivenciam em suas vidas. Uma ação grande, que exigiu dedicação e tempo, foi a adoção das garrafinhas de água”, comenta Priscila Griner, diretora da Casa Escola.

Abrir as janelas das salas de aula, sempre que possível; diminuir o uso do ar- condicionado; destinar os resíduos orgânicos da cozinha para a composteira da escola; instalar torneiras e descargas “ecológicas” – aquelas que desligam depois de alguns minutos de uso; aproveitar as podas das árvores para cobrir o solo do viveiro de plantas são algumas das medidas que a escola adotou. Até a cantina se tornou um espaço mais sustentável, já que a escola não comercializa bebidas envasadas em latas ou em caixinhas de difícil reaproveitamento.

“Também foram introduzidos alguns recipientes de vidro na cantina para reduzir o número de descartáveis no consumo de açaí e de cuscuz. De tempo em tempo, é tomada uma nova atitude até que ela se estabeleça e logo se começa a se pensar na próxima”, acrescenta Priscila.

Segundo a diretora da Casa Escola, o primeiro passo para se tornar mais sustentável é começar a prestar atenção nas pequenas atitudes. “Começa desde o ato de se tornar mais gentil, pensar mais no coletivo, do indivíduo como parte de um todo. Outra questão importante é compreender melhor a natureza, plantar, cultivar e contemplar. Entender que nós também somos natureza. A partir dessa percepção, atitudes mais sustentáveis começam a aparecer”.

Economizando água

Todos os dias o assistente de serviços gerais Osvaldo Schelemberg vai de sala em sala recolher a água produzida pelos aparelhos de ar-condicionado. Embaixo de cada um deles, foi instalada uma canaleta que permite que essa água seja direcionada para os reservatórios da escola e, em seguida, utilizada na limpeza dos espaços e, eventualmente, na irrigação do viveiro. Ao invés de usar a água da torneira, Osvaldo utiliza a dos reservatórios e, assim, reutiliza a água que seria desperdiçada. Além disso, a escola também instalou um sistema Wi-fi que permite acompanhar as mudanças climáticas e decidir quando é hora de irrigar mais ou irrigar menos o campo de futebol.

Ecólogo e professor de Ciências Naturais da Casa Escola, José Araújo é responsável por conduzir as aulas no viveiro, onde as crianças aprendem sobre permacultura e também sobre sustentabilidade. A água que as crianças usam para lavar as mãos após as atividades no viveiro, explica José, também é reutilizada. Ao invés de ir para a rede de esgoto, ela é canalizada até a plantação.

“O caminho para se tornar sustentável é longo, mas no mundo da sustentabilidade toda ação, por menor que seja, tem sua importância”, complementa Priscila Griner, diretora da Casa Escola.

Foto: Daevylly Palomma

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