Tecnologia sustentável transforma resíduos em matéria-prima para a indústria cerâmica
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desenvolveram um processo inovador para a produção de tijolos cerâmicos utilizando solo contaminado com resíduos de petróleo. A patente, que também pode ser aplicada na fabricação de telhas, blocos e pisos, promete revolucionar o setor cerâmico ao transformar um passivo ambiental em matéria-prima de alta qualidade.
O método, desenvolvido em parceria com a Petrobras e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), não exige modificações significativas nos processos de fabricação já existentes, o que facilita sua adoção pela indústria. Segundo o professor Carlos Alberto Paskocimas, do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPGCEM), a tecnologia melhora os atributos técnicos dos produtos cerâmicos, além de reduzir o consumo de argila, um recurso natural não renovável.

O solo contaminado com resíduos de petróleo é proveniente da perfuração e extração de petróleo em terra. Após a contaminação, o material passa por um processo de calcinação, onde é aquecido em fornos rotativos para neutralizar a matéria orgânica contaminante. O resultado é um resíduo inerte, chamado de solo calcinado, que pode ser utilizado na produção de tijolos e blocos cerâmicos.
A patente, intitulada “Processo de produção de tijolos cerâmicos e de blocos cerâmicos à base de solo contaminado com resíduo de petróleo e respectivas formulações”, foi desenvolvida por uma equipe multidisciplinar, incluindo Fred Amorim Salvino, Márcio Luiz Varela Nogueira de Moraes, Alex Micael Dantas de Sousa, Márcia Jordana Campos dos Santos, Renata Maria Sena Brasil Leal, Fabiana Villela da Motta e Mauricio Roberto Bomio Delmonte.
Além dos benefícios ambientais, a tecnologia também reduz custos para as empresas do setor petrolífero, que atualmente precisam armazenar e monitorar os resíduos contaminados. “Esse solo calcinado também é uma fonte de custo, visto que consome energia e recursos empresariais para ser produzido e ainda permanece como um passivo ambiental que demanda monitoramento permanente”, explica Paskocimas.

A inovação é mais um exemplo do potencial de geração de conhecimento tecnológico pelas instituições acadêmicas brasileiras. Com quase quarenta patentes depositadas, Paskocimas destaca a importância dessas conquistas para atrair parcerias com o setor industrial. “As patentes são produtos tecnológicos que comprovam e permitem comparar as capacidades de geração de conhecimentos tecnológicos pelas e entre as instituições acadêmicas”, afirma.
A tecnologia desenvolvida pela UFRN não apenas resolve um problema ambiental, mas também abre novas oportunidades para a indústria cerâmica, que pode reduzir sua dependência de recursos naturais não renováveis. Além disso, a utilização de resíduos como matéria-prima contribui para a economia circular, um conceito cada vez mais valorizado no cenário global.
Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN
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