Tecnologia promete revolucionar indústrias com processos ecoeficientes e de alto rendimento
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) depositou uma nova patente que promete revolucionar a extração de compostos fenólicos a partir da cortiça, material utilizado em rolhas de garrafas de vinho. A metodologia, desenvolvida por pesquisadores da instituição, utiliza processos eletroquímicos para obter compostos de alto valor agregado, como a vanilina e o ácido vanílico, amplamente utilizados como saborizantes na indústria alimentícia.

A cortiça, extraída da casca dos sobreiros (Quercus suber), é um material renovável e sustentável. A pesquisa, liderada por Thalita Medeiros Barros, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da UFRN, identificou cinco compostos fenólicos com potencial aplicação em diversas indústrias. Entre eles, destacam-se o ácido siríngico, a vanilina e o ácido vanílico, que são precursores para a produção de cosméticos, alimentos e medicamentos.
O processo de extração utiliza a eletrossíntese de persulfato, uma técnica que emprega energia elétrica para promover reações químicas e eletroquímicas. Elisama Vieira dos Santos, orientadora da pesquisa, explica que o método é altamente eficiente e preciso, garantindo maior rendimento e pureza dos compostos. Além disso, a tecnologia reduz a dependência de produtos químicos agressivos, minimizando resíduos tóxicos e impactos ambientais.

A metodologia desenvolvida pela UFRN é flexível e escalável, permitindo ajustes nas proporções de biomassa para diferentes volumes de produção. Isso abre portas para aplicações industriais variadas, desde a produção de saborizantes até a fabricação de cosméticos e fármacos. A pesquisa também promove a economia circular, ao transformar resíduos naturais em produtos de valor agregado.

Carlos Alberto Martínez-Huitle, professor do Instituto de Química da UFRN e membro do Laboratório de Eletroquímica Ambiental Aplicada (LEAA), destaca que o nível de maturidade tecnológica do processo é alto, situando-se entre os níveis seis e sete na escala de desenvolvimento. Isso significa que a tecnologia está pronta para ser aplicada em escala comercial. O LEAA já possui outras patentes relacionadas a reatores eletroquímicos, utilizados para tratamento de água de reuso e irrigação, o que tem despertado o interesse de empresas em estabelecer parcerias.
A pesquisa combina conhecimentos de diversas áreas, como eletroquímica, química orgânica, engenharia de processos, ciência de materiais e sustentabilidade. Essa abordagem multidisciplinar é essencial para resolver desafios científicos e tecnológicos complexos. Atualmente, o LEAA estuda outros resíduos agroindustriais de abundância local e regional, buscando valorizar produtos obtidos por métodos de extração sustentáveis.
Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN
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