Perfomance com jovens da comunidade tem apresentações gratuitas dias 23 e 24
SAL, como durar no tempo estreia em Felipe Camarão
Depois de doze dias de residência artística conduzida pela Torta Plataforma em parceria com o Coletivo A Gente, chega à Felipe Camarão, a dança-performance “SAL, como durar no tempo”. Serão duas apresentações nos dias 23 e 24 de outubro, às 16h30, na Praça Santa Paula Frassinetti. O acesso é gratuito e contará com audiodescrição e libras.
A criação é resultado de um processo que reuniu mais 15 artistas de diferentes trajetórias em torno de uma pergunta comum: como durar no tempo? O sal, elemento simbólico e ancestral, surge como metáfora da resistência e da permanência. Na cena, a dança é atravessada por afetos, precariedades e gestos cotidianos que revelam modos de existir à margem dos grandes centros e circuitos da arte contemporânea.
Mediada por Alexandre Américo e Pedro Vitor, a residência propôs um espaço de experimentação inspirado nos happenings dos anos 1960, cruzando linguagens da dança, do teatro, das artes visuais e do cinema. O processo reflete sobre a potência de corpos dissidentes e sobre a criação artística em contextos de vulnerabilidade social, deslocando o olhar para a periferia de Natal como território de invenção estética.
“É uma peça sobre a capacidade de manter-se vivo, por meio da inteligência oculta que rege os corpos que dançam, mesmo em ambientes fora do comum. Como Durar no Tempo reflete as condições precárias de um agrupamento de artistas, majoritariamente com deficiência, que tentam esticar suas próprias existências e querem se fazer ver”, explica Alexandre Américo, artista e pesquisador que coordena a direção do projeto.
A maior parte do elenco é formada por jovens da própria comunidade de Felipe Camarão, reunindo dez dançarinos, um músico, dois narradores, uma VJ, uma artista visual, um intérprete de Libras, um fotógrafo e um videomaker. A multiplicidade de funções e expressões reforça o caráter colaborativo e expandido da montagem, que se constrói como uma rede de interações artísticas e criação compartilhada.
Raphael Formiga, 23 anos, morador de Felipe Camarão, é um dos participantes da montagem. Para ele, a construção coletiva é um ato de resistência e afeto. “Cada pessoa que participa deixa um rastro vivo, e é dessa soma contínua e persistente que nasce algo que realmente dura e que vive. Doa a quem doer, estamos aqui”, afirma.
“SAL, como durar no tempo” é uma realização da Fundação José Augusto, Secretaria de Estado da Cultura, Governo do Estado do Rio Grande do Norte, Sistema Nacional de Cultura, Ministério da Cultura e Governo Federal através da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura.

Os criadores
Alexandre Américo é artista caiçara e neurodivergente, pesquisador da dança com licenciatura e mestrado pelo PPGARC/UFRN. Atuante na investigação em arte contemporânea, tem foco em estruturas performativas, improvisação e dramaturgias do corpo. Foi diretor artístico da Cia Giradança (2018–2023) e é co-fundador da Torta Plataforma de Arte Expandida, criada em 2024.
Pedro Vitor é artista potiguar multimídia e PCD (TEA), graduando em Comunicação Social – Audiovisual pela UFRN. Colabora conceitualmente com artistas e companhias de dança no RN e no Nordeste, pensando a cultura a partir de coletividades dissidentes e da experiência da Torta Plataforma, onde desenvolve suas pesquisas entre corpo, imagem e som.
Já o Coletivo A Gente surge a partir de um ato de coragem, movido por sonhos. Atualmente, gestado por quatro jovens artistas potiguares pertencentes a Zona Oeste de Natal, RN, o grupo vem atuando de forma independente, desenvolvendo ações de arte-educação para transformar a realidade dos territórios em que atuam, especialmente, o bairro de Felipe Camarão. O Coletivo A Gente é formado por jovens negros e pertencentes a comunidade LGBTQIAPN+, moradores da periferia da cidade de Natal, RN. Homens e mulheres, cis e trans, negros e branco, neurodivergentes.
Foto: Divulgação
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