Indonésia e Malásia abrem portas para fruta potiguar, mas infraestrutura ainda impede avanço comercial
Melão do RN conquista mercados no Sudeste Asiático, mas logística limita exportação
O Rio Grande do Norte conquistou dois novos mercados para exportação de melão: Indonésia e Malásia. A abertura foi anunciada após missão oficial do governo brasileiro realizada entre os dias 23 e 28 de outubro aos respectivos países. Apesar do avanço comercial, o setor produtivo potiguar avalia que a exportação imediata não será viável devido a entraves logísticos e de infraestrutura.
A avaliação do setor é de que, embora haja demanda, o estado ainda não possui estrutura logística adequada para atender aos novos destinos. A ausência de rotas marítimas diretas e o tempo elevado de transporte são apontados como os principais obstáculos.
A atual rota de exportação pelo Porto de Pecém, no Ceará, apresenta tempo de transporte de aproximadamente 42 dias, o que compromete a qualidade da fruta ao chegar ao destino. Anteriormente, esse tempo ultrapassava 50 dias, com escalas na Europa e Oriente Médio antes de alcançar a Ásia.
A expectativa é de que, a partir do próximo ano, seja possível testar uma rota direta com navio menor, sem paradas intermediárias, reduzindo o tempo de transporte para cerca de 28 a 30 dias. Essa redução é considerada essencial para garantir que o melão chegue em condições adequadas para consumo e comercialização.

O mercado chinês, aberto oficialmente em outubro de 2019, ainda não foi efetivamente explorado pelo estado. A dificuldade também está relacionada à logística, especialmente à ausência de rotas marítimas diretas entre portos próximos ao RN e a China. A avaliação é de que a viabilidade dessa rota depende do estabelecimento de empresas chinesas na região, o que permitiria o trânsito de navios com cargas nos dois sentidos.
A criação de uma rota direta entre a costa brasileira e a China é vista como estratégica não apenas para atender ao mercado chinês, mas também para viabilizar exportações para Indonésia e Malásia por meio da mesma via de navegação.
Para enfrentar os desafios logísticos, o Porto de Natal está em processo de reforma. Um convênio recente prevê obras de dragagem, reforma de galpões, melhorias nas defensas da ponte e instalação de uma usina fotovoltaica. A dragagem, orçada em R$ 60 milhões, tem como objetivo ampliar a profundidade do canal de acesso, permitindo a operação de navios maiores e atendendo à crescente demanda de exportações.
A viabilidade de novas rotas de exportação, incluindo o aumento da frequência de navios, depende de decisões comerciais entre compradores e vendedores. O setor produtivo destaca que, além da infraestrutura, é necessário que haja interesse comercial para que as operações sejam sustentáveis.
A abertura dos mercados da Indonésia e da Malásia representa uma oportunidade significativa para o melão potiguar, mas a concretização das exportações dependerá da superação dos entraves logísticos e da consolidação de rotas eficientes que garantam a qualidade do produto até o destino final.
Foto: Wilson Moreno/Secom/PMM
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