Docente de Administração analisa como ações sociais e de sustentabilidade geram valor para a estratégia de negócio e impactam positivamente a marca
Ações para preservação dos recursos naturais são o principal assunto desta segunda-feira, 5 de junho, quando é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data foi estabelecida em 1972, durante a Conferência de Estocolmo da ONU, com o objetivo de incentivar a participação ativa da sociedade civil e das autoridades na redução dos impactos causados pela humanidade ao meio ambiente.
Nesse contexto, empresas privadas têm assumido compromissos com as causas ESG, sigla em inglês para enviromental and social governance, que representa a priorização da responsabilidade ambiental e social como parte das práticas de negócios.
Segundo Alice Dantas, docente do curso de Administração da Estácio, a adoção de ações sustentáveis e voltadas para o bem-estar da comunidade onde a empresa está inserida traz diversos benefícios para todas as áreas da companhia.
“Podemos enumerar a princípio um aumento da satisfação dos colaboradores, a possível redução de custos operacionais, melhoria na imagem institucional, além de um maior engajamento dos clientes, que hoje em dia estão muito mais atentos ao que aquela marca pode oferecer além dos produtos ou serviços. Isso confere uma vantagem competitiva significativa no mercado”, destaca a administradora.
Dados levantados pela First Insight, empresa especializada em Experience Management (XM) comprovam essa tendência: em estudo realizado nos Estados Unidos com consumidores das gerações Z (nascidos entre o fim da década de 1990 até 2010), X (1965 – 1981) e Baby Boomers (1945 e 1964), 62% dos participantes da pesquisa da geração Z preferem comprar de marcas sustentáveis, contra 54% e 39% das outras gerações, respectivamente.
“Um gestor sabe que é preciso planejar a curto, médio e longo prazo, e ações alinhadas com ESG são as que mais estão voltadas para o futuro. Trabalhar para reduzir o impacto ambiental e a desigualdade social na comunidade é uma forma de garantir a longevidade saudável da marca e a construção de um mundo mais justo. Essa é uma responsabilidade de cada um que habita o planeta, e com uma empresa não poderia ser diferente”, analisa a docente.
Exemplos a serem seguidos
Em Natal, empresas de vários setores já aderiram a práticas mais sustentáveis, uma delas é o Natal Shopping: nos corredores, as lâmpadas fluorescentes foram trocadas por modelos de LED; as clarabóias nos corredores aproveitam a luz natural durante o dia e as torneiras têm instalado um equipamento conhecido como “arejador”, reduzindo sua vazão em 60%.
O empreendimento também desenvolve diversas ações de reciclagem e busca incentivar esse hábito com um Hub onde recebe os resíduos sólidos produzidos pelos clientes em casa para destinar a cooperativas ou instituições que reaproveitam o material. O espaço aceita papel e papelão, alumínio, vidro, plástico, lixo eletrônico, pilhas e baterias, cápsulas de café, tampinhas de plástico, lâmpadas e até óleo de cozinha usado, que deve estar armazenado em uma garrafa pet.
Além disso, as sobras de alimentos deixadas nas bandejas dos clientes da praça de alimentação têm como destino a Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ/UFRN) para a produção de adubo orgânico, que retorna ao shopping e é vendido no espaço Sustentabilidade Transforma, no piso L2. O valor arrecadado é utilizado em ações socioeducativas.
De janeiro a maio deste ano, 212.608 kg de resíduos foram gerados ao todo pelo empreendimento, sendo reciclados 52.261 kg, o que representa um índice de 24,58% de reciclabilidade. Já a quantidade de resíduos de alimentos processados na compostagem (in natura) chegou a 26.828 kg. O montante é contabilizado no “Reciclômetro” recém instalado, um painel de led que informa sobre essas e outras iniciativas do shopping.
Escola de Natal é exemplo de sustentabilidade na prática
Na Casa Escola, as crianças aprendem desde cedo sobre a necessidade de economizar, reutilizar e reduzir o desperdício. Para reduzir os custos e o impacto ambiental provocado pela utilização de copos descartáveis, a escola criou uma campanha para incentivar o uso de garrafinhas pelos estudantes, professores e funcionários. As medidas vêm surtindo efeito e, por toda a escola, é possível ver os alunos carregando suas garrafinhas coloridas; um primeiro passo para quem deseja se tornar mais sustentável através de um consumo consciente.
Abrir as janelas das salas de aula, sempre que possível; diminuir o uso do ar-condicionado; destinar os resíduos orgânicos da cozinha para a composteira da escola; instalar torneiras e descargas “ecológicas” — aquelas que desligam depois de alguns minutos de uso; aproveitar as podas das árvores para cobrir o solo do viveiro de plantas são algumas das medidas que a escola também adotou. Até a cantina se tornou um espaço mais sustentável, já que a instituição não comercializa bebidas envasadas em latas ou em caixinhas de difícil reaproveitamento.
“Também foram introduzidos alguns recipientes de vidro na cantina para reduzir o número de descartáveis no consumo de açaí e de cuscuz. De tempo em tempo, é tomada uma nova atitude até que ela se estabeleça e logo se começa a se pensar na próxima”, acrescenta Priscila.
A água produzida pelos aparelhos de ar-condicionado também é reutilizada. Ela é direcionada para os reservatórios da escola e, em seguida, utilizada na limpeza dos espaços e, eventualmente, na irrigação do viveiro. Além disso, a escola também instalou um sistema Wi-fi que permite acompanhar as mudanças climáticas e decidir quando é hora de irrigar mais ou irrigar menos o campo de futebol.
Foto: Divulgação
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