Jornalista denuncia diretor por comportamento inaceitável e abusivo
Um caso de assédio sexual veio à tona, nesta segunda-feira (17.jul.2023) na Escola da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (ALRN), envolvendo o diretor João Maria de Lima e a jornalista Sayonara Alves, que trabalha na instituição. Denúncias de importunação sexual, assédio moral e abuso foram levadas ao Ministério Público, que agora investiga o caso.
As informações foram publicadas pelo jornalista Dinarte Assunção, no Blog do Dina. No texto, ele relata que Sayonara era apreciadora do perfume Tommy Girl. Mas, segundo a publicação, para seu superior hierárquico, o diretor João Maria, o perfume se tornou uma desculpa para comportamentos que deram início aos assédios.
O diretor alegou ser ‘enlouquecido pelo aroma’ e usava a desculpa para fazer comentários e avanços inapropriados. As investidas de João Maria variavam desde elogios ambíguos até toques físicos sem consentimento, criando um ambiente de desconforto e medo para a jornalista.
As mensagens de assédio por WhatsApp também foram relatadas, onde João Maria chegou ao ponto de sugerir encontros íntimos e afirmar que ficava excitado e molhado pela presença dela.
Segundo o jornalista, o caso está sendo investigado pela 57ª Promotoria de Justiça do Ministério Público do RN (MPRN). O órgão pediu que a Polícia Civil, através da Delegacia da Mulher, instaure um inquérito. O MP aponta que os fatos, até agora juntados, configuram “fundadas suspeitas” de ocorrência de delitos de assédio sexual, importunação sexual e assédio moral.
“Vê-se que pesam fundadas suspeitas no sentido de que, agindo na condição de superior hierárquico da noticiante Sayonara, onde esta exerce o cargo de assessora de comunicação da Direção da Escolha da ALRN, subordinado diretamente ao cargo de direção da instituição, exercido pelo noticiado, João Maria de Lima desde o ano de 2019, teria este último constrangido a assessora de comunicação Sayonara, prevalecendo-se de sua condição de superior hierárquico desta, com o intuito de obter vantagem de cunho sexual, bem como intensificado esse comportamento em várias ocasiões, chegando a praticar contra a noticiante e sem a sua anuência atos libidinosos com o objetivo de satisfazer a própria lascívia”, diz trecho do despacho encaminhado à Polícia Civil.
O processo conta com prints de conversas, onde o diretor da escola sugere que, em determinada solenidade, a jornalista pudesse ir vestindo um biquini. Ele também teria pedido para se deitar na mesma rede que Sayonara e, em outro momento, chegou a lançar um desafio na Escola da Assembleia para que outra servidora fotografasse a calcinha da jornalista em uma confraternização. A servidora seguiu a orientação, fez um vídeo e mandou para ele. A autora da gravação foi convocada para depor.
Ainda segundo a matéria, as ações do assédio teriam ocorrido quando a Assembleia Legislativa promoveu um esforço de mídia para conscientizar e combater a violência contra a mulher.
Outro lado
João Maria ainda não se pronunciou oficialmente, nem à matéria publicada no Blog do Dina. Ele comanda a Escola da Assembleia desde abril de 2019. Segundo o site da ALRN, o convite para presidir a instituição foi do presidente da Casa, deputado Ezequiel Ferreira (PSDB). Ezequiel e a ALRN também não se pronunciaram.
“Aceitei o convite do presidente Ezequiel com muita honra. Pra mim, será um desafio de dirigir a Escola da Assembleia, instituição que muito contribui com a capacidade dos servidores da Casa e com o objetivo de aproximá-la cada vez mais da população”, afirmou João Maria na ocasião.
Foto: Eduardo Maia/ALRN/Ilustração
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