A orientação é buscar o equilíbrio entre saciar a fome e controlar a vontade de comer por impulso
É bastante comum que as pessoas exagerem nas ceias de final de ano, comendo e bebendo mais do que deveriam. Afinal, resistir às delícias do cardápio não é uma tarefa fácil. Apesar de ser um momento de confraternização, os excessos podem impactar na saúde. Muitas vezes o que acontece é o que se chama de “fome social”, aquela que traz à tona memórias afetivas e gastronômicas, muito comuns nas festas de Natal e Reveillon, que envolvem o encontro entre amigos e familiares.
Para evitar abusos, a orientação é buscar o equilíbrio entre saciar a fome e controlar a vontade de comer por impulso, diante de tantas opções à mesa. “Não precisa se privar, mas ter certa cautela, pois os exageros podem gerar danos ao organismo, resultando em dor de cabeça e mal-estar no dia seguinte”, destaca o Prof. Dr. Durval Ribas Filho, médico, nutrólogo e presidente da ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia).
Outros sintomas associados ao excesso e mistura de alimentos são enjoos, azia e até refluxo, causados pelo aumento na produção de ácidos no trato digestivo. Vale um alerta para os pratos gordurosos e ricos em carboidratos simples – como as receitas à base de farinha branca e açúcar – que exigem mais energia do organismo para seu processamento, provocando aquela famosa ‘preguiça’ após a ingesta. “Evitar repetições é uma dica para não exagerar. Para os diabéticos, é preciso redobrar a atenção, por conta do risco do aumento das taxas de glicose”, ressalta o médico.
A reação do organismo
Há um maior esforço do organismo para absorver toda energia, resultante do consumo em excesso de alimentos ricos em gordura, carboidratos e bebidas alcoólicas. A noção é de se estar ‘empanturrado’, sonolento e devagar. Mesmo assim, no dia seguinte é comum ter fome, justamente porque se comeu demais na noite anterior. Não há uma dilatação do estômago, como muitas pessoas acreditam, pois ele é elástico e retorna à sua capacidade de repouso (cerca de 1-2 litros), mesmo após uma refeição farta. O que ocorre é o processo de liberação dos hormônios da fome: o NPY e AgRP, do hipotálamo, e a grelina, do estômago. Este é liberado quando o estômago está vazio e estimula a produção de NPY e AgRP no cérebro, responsáveis por criar a sensação de fome, anulando os hormônios que nos dão a sensação de saciedade. Daí o ciclo da fome se reinicia e ainda se tem a impressão de que sobra um espaço para recomeçar.
Dicas para o dia seguinte
Equilíbrio é a palavra-chave. Portanto, se houve exagero na ingestão de alimentos gordurosos, doces ou bebidas alcóolicas, o ideal, no dia seguinte, é se alimentar de forma mais leve, com alimentos mais saudáveis como frutas, verduras e legumes, além de se hidratar bastante. A ingestão de água contribui para reidratar o organismo, principalmente se houve um excesso do consumo de álcool, e ajuda a eliminar possíveis inchaços, causados pela retenção de líquido, por causa de alimentos ricos em sal e processados.
Dormir bem também é recomendado para normalizar o funcionamento do organismo. E uma caminhada, mesmo que tranquila e curta, é uma estratégia eficaz e simples de ajudar a digestão, além de reduzir o desconforto do inchaço e de gases. Outro benefício de caminhar, após as refeições, é uma melhor gestão do açúcar no sangue. Isto é muito importante para pessoas com Diabetes tipo 1 e 2 – condições que prejudicam o processamento do açúcar no sangue. O exercício leve, após comer, pode evitar picos excessivos de açúcar no sangue, reduzindo assim a quantidade de insulina.
Sobre a ABRAN
Criada em 1973, a ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia – é uma sociedade de especialidade médica oficial do Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB) e Comissão Nacional de Residência Médica e tem a função de promover a Educação em Nutrologia, para todos. Dentro desse contexto inclui-se a outorga para obtenção de título de especialista em Nutrologia, de acordo com as normas dos editais promovidos em conjunto com a AMB e CFM.
Foto: Divulgação
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