Presidentes dos dois países, Maduro e Ali se reúnem em meio a tensões sobre disputa de fronteira
Em meio a altas tensões sobre a disputa envolvendo a área de fronteira de Essequibo, potencialmente rica em petróleo, os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, Irfaan Ali, se reunirão nesta quinta-feira (14.dez.2023) em São Vicente e Granadinas.
O desacordo sobre a região de selva, com 160 mil quilômetros quadrados (km²), existe há décadas, mas a Venezuela reativou sua reivindicação, incluindo áreas offshore nos últimos anos, após grandes descobertas de petróleo e gás.
A disputa está sendo julgada pela Corte Internacional de Justiça, embora uma decisão final possa demorar anos. Os eleitores da Venezuela rejeitaram este mês a jurisdição do tribunal e apoiaram, em plebiscito, a criação de novo estado.
A Guiana questionou a participação na votação e disse que sua fronteira terrestre não está em discussão. Analistas políticos em Caracas consideram o plebiscito uma tentativa de Maduro de avaliar o apoio ao seu governo antes das eleições presidenciais de 2024, e não um primeiro passo para invasão.
O primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, que também atua como presidente pro tempore da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), deve ser o anfitrião da reunião.
O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, disse que espera que a reunião ajude a “relaxar as tensões” e “diminuir a agressividade do discurso da Guiana”.
Irfaan Ali, da Guiana, afirmou que seu país defenderá a soberania e fronteiras, e que a Venezuela deve diminuir o ritmo de seus avanços em relação à Guiana.
A reunião ocorre em um momento de crescente tensão entre os dois países. Na semana passada, Maduro disse que autorizaria a exploração de petróleo em Essequibo, o que provocou a ira de Ali.
As áreas offshore são responsáveis pela totalidade da produção de petróleo na Guiana, cuja economia está em expansão graças à produção, que deve dobrar para mais de 1,2 milhão de barris por dia até 2027.
A Exxon Mobil, uma das principais empresas que operam na região, disse que não vai a lugar nenhum e que continuará a desenvolver os recursos de forma eficiente e responsável.
A empresa também negou as alegações do governo de Maduro de que estaria envolvida no financiamento de um complô para prejudicar o plebiscito.
A reunião entre Maduro e Ali é uma oportunidade para os dois países tentarem encontrar uma solução pacífica para a disputa, que já dura décadas. No entanto, as expectativas para uma resolução rápida são baixas.
Foto: Aboodi Vesakaran/Pexels
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