Tempo de espera por procedimentos de saúde aumenta até 344% em Natal, aponta relatório
Uma auditoria realizada pela Controladoria Geral da União (CGU) na Secretaria de Saúde de Natal e na Central Metropolitana de Regulação identificou uma série de problemas, incluindo o aumento do tempo de espera por procedimentos de saúde, desrespeito à ordem das filas e baixa confiabilidade dos dados. O relatório, que avaliou a regulação de serviços de saúde ambulatoriais de média e alta complexidade entre 2022 e 2023, apontou que o tempo médio de espera aumentou 39,26% no período, chegando a 344% em alguns casos.

Aumento do tempo de espera por procedimentos
O relatório da CGU destacou que o tempo de espera para procedimentos considerados críticos aumentou significativamente. Por exemplo, pacientes que aguardavam por fisioterapia motora esperavam 134 dias em 2022, mas em 2023 esse tempo subiu para 595 dias. Além disso, a fila para exames de doppler venoso dos membros inferiores, que avalia a circulação sanguínea nas pernas, só deve ser zerada em 17 anos, sem considerar novos pacientes. Já a espera por atendimento psicológico pode levar até 14 anos para ser resolvida.
Desrespeito à ordem das filas
A auditoria também constatou que agendamentos foram feitos fora da ordem automática das filas, com a inclusão de informações complementares fora do sistema. Isso permitiu que pacientes fossem atendidos independentemente de sua posição na fila. Além disso, 69,5% dos procedimentos ambulatoriais não são direcionados para pacientes da fila de espera regulada, ficando sob gestão direta das unidades de saúde. O relatório também apontou a destinação indevida de vagas de retorno para agendamento de consultas do tipo “Primeira Vez”.
Baixa confiabilidade dos dados
A CGU identificou problemas na confiabilidade dos dados do Sistema de Regulação (Sisreg), utilizado pelo Ministério da Saúde para estados e municípios. O relatório apontou uma “subutilização significativa” do Sisreg como ferramenta de registro da produção dos serviços de saúde, o que prejudica a geração de informações gerenciais e indicadores. Além disso, houve falhas na administração de logins do sistema, com um grande número de pessoas tendo acesso ao Sisreg.
Resposta da Prefeitura de Natal
A Secretaria Municipal de Saúde de Natal respondeu aos questionamentos da CGU, afirmando que solicitou treinamento para qualificar a equipe de reguladores e melhorar o uso do Sisreg. Sobre o desrespeito à ordem das filas, a secretaria explicou que o sistema é apenas um “organizador” e não prioriza automaticamente pacientes com prioridade por lei, como gestantes e idosos. Quanto ao aumento do tempo de espera, a pasta atribuiu o problema ao aumento da demanda após a pandemia de Covid-19, quando muitas pessoas evitaram procurar unidades de saúde.
Conclusão
A auditoria não apresentou recomendações específicas, mas destacou que os dados coletados podem ajudar a Secretaria Municipal de Saúde de Natal a ajustar seus processos. A CGU ressaltou que os resultados devem subsidiar a atuação do Ministério da Saúde para o aprimoramento da Política Nacional de Regulação do SUS.
Foto: Joana Lima/Prefeitura de Natal/Ilustração
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