A proposta é tornar mais simples e inteligente a locação de espaços de saúde, que pode ser feita por hora, turno ou mês, por meio da uma plataforma digital
No próximo dia 18 será lançado um serviço que se propõe a otimizar a ocupação dos negócios que envolvem a saúde. Trata-se da Fusion Clinic, uma plataforma que conecta especialistas das mais diversas áreas da saúde com consultórios que dispõem de espaços ociosos, com uma proposta parecida com a do Airbnb, só que da saúde. A ideia é intermediar o contato, gerindo a ocupação desses locais por profissionais que necessitam de estruturas para realizar seus atendimentos, resolvendo necessidades de ambos os lados. O evento acontece no Sebrae em Natal a partir das 18h30, com o tema “Que saúde o futuro nos reserva?”.
“Com a pandemia, a precarização do acesso à saúde ficou ainda mais evidente. Se faz necessária uma força tarefa para que a gente saia desse estágio. E o modelo tradicional já demonstrou que é carente de dois fatores muito importantes em qualquer negócio: sustentabilidade e eficiência. Foi com o propósito ajudar a democratizar o acesso à saúde de forma eficiente, humanizada e sustentável que nasceu a Fusion Clinic”, aponta Malu Fontes, responsável pelo projeto.
No Brasil, mais de 70% da população não possui acesso a um serviço de saúde de qualidade. Atualmente no nosso país são 6 milhões de profissionais da área ativos, e no Rio Grande do Norte são mais de 85 mil. Mas para que a saúde seja acessível, é necessário que os três atores mais importantes nesta relação (pacientes, profissionais de saúde e clínicas) estejam bem conectados. “Não faz sentido ter uma clínica maravilhosa sem ninguém para trabalhar nela ou ter profissionais super qualificados de saúde, mas sem pacientes. A conta não fecha pra ninguém”, observa.
A ideia da plataforma surgiu diante da observação de Malu ao administrar o escritório do pai. Ainda estagiária de Direito, passou a utilizar o local que era ocioso e convidou colegas e demais profissionais que atuam conjuntamente com a área jurídica: contadores, psicólogos, etc. “Notei que os profissionais de saúde sempre precisavam de dois ou três profissionais para dividir e viabilizar o espaço. Isso acontecia porque eles normalmente ocupavam múltiplos trabalhos e também porque não possuíam pacientes suficientes para uma locação tradicional. Ou seja, esse modelo utilizado para outras áreas não fazia sentido para a área da saúde”, relembra.
A startup Fusion Clinic oferece soluções à dor real do mercado da saúde, como a possibilidade de aumentar a rentabilidade das clínicas, otimizar a logística e reduzir o custo de quem necessita de poucos dias e horas de atendimento. “Os profissionais de saúde abrem clínicas do tamanho do sonho e com o decorrer da carreira, vem o desejo de desacelerar, mas como estão comprometidos com os altos custos, não conseguem. É a hora de atrair outros profissionais para uso do espaço e o proprietário poder se libertar do peso das contas”, analisa Malu.
O serviço funciona da seguinte forma: os espaços são disponibilizados na plataforma de um lado. Do outro, os profissionais que buscam consultórios se cadastram e fazem a busca pelo perfil que desejam. Todo cadastramento de ambos é gratuito, dando o match, acontece o contrato de locação.
Atualmente, os acordos são firmados entre as partes por meio de um contrato de parceria, o que acaba sendo um risco para o dono da clínica, porque caso haja algum erro médico ou de conduta assediosa, por exemplo, ele é considerado corresponsável, ou seja, pode responder legalmente, pois há ganho financeiro da clínica na relação com o paciente. Com a solução da plataforma, a responsabilidade se limita à locação do espaço, ou seja, a lei que incide é a de inquilinato e não a de consumidor.
O escritório do pai de Malu foi reformado e hoje é uma clínica, uma espécie de laboratório para a plataforma. Por enquanto, está sendo autofinanciada, mas a ideia é atrair investidores, visando a expansão e novas apostas em soluções em tecnologia.
O serviço já está se destacando mesmo antes de ser lançado oficialmente: foi selecionado no edital de aceleração Centelha do Ministério da Ciência e Tecnologia, ficando entre as 15 primeiras colocadas e está recebendo aproximadamente R$ 80 mil de recursos do CNPq e Finep. Também está entre as 10 primeiras colocadas para o Capital Empreendedor do Sebrae Nacional, cujo resultado da etapa nacional está sendo aguardado para breve.
A plataforma também foi selecionada pela APEX Brasil ( Agência Brasileira de Exportação e Investimento) para participar como expositora no evento Web Summit Lisbon, Maior feira de Inovação do Mundo, que acontece em Lisboa em novembro deste ano. Está entre as 90 que terão direito a um estande na feira.
Foto: Divulgação
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