Após dois anos sem casos autóctones, o Brasil avança na eliminação da doença
Desde 2020, o estado do Rio Grande do Norte não registra nenhum caso de sarampo, um marco significativo para as medidas de controle e redução da doença em todo o Brasil. Na quarta-feira (5.jun.2024), o país celebrou dois anos sem casos autóctones de sarampo, um passo crucial para a retomada da certificação de “país livre de sarampo”. Este título havia sido retirado no ano anterior, após o Brasil deixar de ser considerado uma região endêmica.
O Brasil já havia conquistado o status de país livre do sarampo em 2016. Entretanto, a reintrodução do vírus em 2018, causada pelo intenso fluxo migratório de países vizinhos e pelas baixas coberturas vacinais em diversas localidades, colocou o país em alerta novamente. Desde então, o número de casos tem diminuído significativamente, passando de 20.901 registros em 2019 para apenas 41 em 2022. O último caso confirmado foi em 5 de junho de 2022, no estado do Amapá.
Comissão internacional avalia reversão do status
Em maio deste ano, o Brasil recebeu a visita da Comissão Regional de Monitoramento e Reverificação da Eliminação do Sarampo, Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita na Região das Américas. O objetivo foi continuar o processo de recertificação do Brasil como livre da circulação de sarampo e garantir a sustentabilidade da eliminação da rubéola e da síndrome da rubéola congênita (SRC). A visita contou também com a presença do Secretariado da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Desafios globais e esforços nacionais
Enquanto o Brasil avança na eliminação do sarampo, o cenário global preocupa. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou como “alarmante” o aumento de casos na Europa, com mais de 58 mil infecções em 41 países ao longo de 2023. Este aumento representa uma tendência crescente nos últimos três anos.
Para manter o Brasil livre de sarampo, é crucial alcançar coberturas vacinais homogêneas de pelo menos 95%. “Isso garante a proteção da população contra possíveis casos importados e reduz o risco de reintrodução da doença. Além disso, protege aqueles que não podem se vacinar”, explica Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Gatti também destacou a importância da continuidade da estratégia de microplanejamento, que em 2023 destinou R$ 151 milhões para estados e municípios. Esta metodologia, recomendada pela OMS, envolve diversas atividades focadas na realidade local para fortalecer e ampliar o acesso à vacinação ao longo do ano.
A importância da vacina tríplice viral
A vacina tríplice viral, oferecida no Calendário Nacional de Vacinação, é essencial na luta contra o sarampo. Este imunizante protege também contra a caxumba e a rubéola, doenças altamente infecciosas que já causaram grandes epidemias. O esquema vacinal prevê duas doses para pessoas de 12 meses a 29 anos, e uma dose para adultos de 30 a 59 anos. Em 2023, a cobertura da primeira dose da tríplice viral aumentou de 80,7% em 2022 para 87%, com expectativas de crescimento conforme as atualizações das bases estaduais sejam incorporadas aos dados nacionais.
A retomada da certificação de “país livre de sarampo” é um objetivo palpável para o Brasil, resultado do esforço conjunto de autoridades de saúde, profissionais e da população. Manter altas coberturas vacinais e continuar as estratégias de microplanejamento são fundamentais para garantir a proteção da saúde pública e evitar a reintrodução do sarampo no país.
Foto: Erasmo Salomão/Ministério da Saúde
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