Após ser picado na boca por cascavel e demorar na busca por ajuda, homem morre em Mossoró; caso ocorreu em Baraúna, no Rio Grande do Norte

Homem picado por cobra cascavel na boca

Na edição da tarde do jornal local RN1 desta segunda-feira, 9 de agosto, exibido no estado do Rio Grande do Norte, foi transmitida uma matéria informando que um homem morreu momentos depois após ser picado por uma cobra da espécie cascavel (Crotalus durissus) no Alto Oeste do Rio Grande do Norte.

Trata-se do agricultor Erimar Gama da Silva, de 41 anos de idade, morador do Projeto de Assentamento Poço Novo, na zona rural do município de Baraúna, no Alto Oeste do Rio Grande do Norte. Ele morreu no Hospital Tarcísio Maia, em Mossoró.

Informações dão conta que o homem teria atropelado o animal e este teria ficado preso no aro da moto. Ao tentar desprender a serpente do veículo, o rapaz acabou sendo picado na boca após enrolar o animal no pescoço. Em vez de buscar ajuda em um hospital imediatamente, o homem retornou ao trabalho. Momentos após o acidente, ele começou a sentir os efeitos da peçonha da cascavel em seu organismo.

O biólogo Henrique, biólogo do Por Dentro do RN, gravou um vídeo em seu canal comentando o caso:

Biologist Henrique, a biologist from Por Dentro do RN, recorded a video on his channel commenting on the case.

De acordo com testemunhas, Erimar Gama da Silva matou a cobra e depois ficou brincando com o réptil em volta de seu pescoço, quando foi picado na boca. Apenas após o agravamento dos sintomas, o homem resolveu procurar assistência médica para os tratamentos protocolares contra acidentes ofídicos.

Confira o vídeo do Biólogo Henrique sobre o acidente ofídico no Rio Grande do Norte

No hospital Tarcísio Maia, em Mossoró, ele chegou a receber o soro anticrotálico, que é o soro específico para acidentes com cascavéis, mas não resistiu e acabou morrendo. O corpo de Erimar foi examinado no IML, mas ainda não foi liberado devido à falta de documento com digital. A família esteve no Instituto Técnico-Científico de Perícia (o IML local) e reconheceu o corpo. Como estavam sem documento oficial, o Itep não liberou o cadáver.

De acordo com o biólogo Henrique, que é herpetólogo, o rapaz deveria ter demorado menos para buscar ajuda. “O veneno da cascavel (Crotalus durissus) produz efeitos no sistema nervoso central, além de distúrbios de coagulação e degradação dos tecidos musculares”, diz o herpetólogo. “A peçonha da cascavel também causa insuficiência renal e ainda pode afetar adicionalmente o coração e o fígado”, continua. Ainda de acordo com Henrique, o sucesso do soro é “altíssimo nos casos em que o acidentado procura um hospital imediatamente”, conclui.

Efeitos esperados da peçonha da cascavel (Crotalus durissus) o organismo

Ação local
Não se evidenciam alterações significativas. Dor e edema são usualmente discretos e restritos ao redor da picada. Eritema e parestesia são comuns.

Ação sistêmica
Manifestações neuroparalíticas com progressão da cabeça aos pés, iniciando-se por queda das pálpebras, vista turva e paralisia de um ou mais músculos oculares. Além disso, apresentam-se distúrbios de olfato e paladar, ptose mandibular e produção excessiva de saliva podem ocorrer com o passar das horas. Raramente, a musculatura da caixa torácica é acometida, o que ocasiona insuficiência respiratória aguda.

As manifestações neurotóxicas regridem lentamente, porém são reversíveis. Raramente, pode haver sangramento nas gengivas e outros sangramentos discretos. Progressivamente, surgem dor muscular generalizada e escurecimento da cor da urina, que passa a apresentar coloração semelhante à da coca-cola ou do chá preto. A insuficiência renal aguda é a principal complicação e causa de óbito.

O que fazer em caso de acidentes ofídicos com a cascavel ou com outras espécies de serpentes?

Após um acidente ofídico, o paciente deve ser tranquilizado e removido para o hospital ou centro de saúde mais próximo. O local da picada deve ser lavado com água e sabão. Na medida do possível, deve-se evitar que a pessoa ande ou corra, ela deve ficar deitada com o membro picado elevado, mantendo-a hidratada.

Tipos de peçonhentas do Brasil - cascavel, jararaca, coral e surucucu
Tipos de serpentes peçonhentas do Brasil:
Corais-verdadeiras, jararacas, surucucus e cascavéis

Não se deve fazer o uso de torniquetes (garrotes), incisões ou passar substâncias (folhas, pó de café, couro da cobra etc.) no local da picada. Essas medidas interferem negativamente, aumentando a chance de complicações como infecções, necrose e amputação de um membro.

O único tratamento eficaz para o envenenamento por serpente é o tratamento com o soro antiofídico, que é específico para cada tipo (gênero) de serpente. Quanto antes for iniciada a terapia com soro, menor será a chance de haver complicações.

Passo a passo de como proceder após ser picado por uma cobra:

Procure o hospital de emergência o mais rápido possível. Caso não seja possível, acione um dos serviços abaixo. Todos esses órgãos estão devidamente capacitados para socorrer vítimas de serpentes peçonhentas:

Corpo de Bombeiros – 193;

Samu – 192;

Defesa Civil – 199;

Se possível, lave o local da picada com água e sabão e procure socorro imediatamente;

Beba água, beba muita água;

Mantenha o acidentado calmo, de preferência com a área da picada elevada e o paciente deitado;

Se a serpente estiver visível, pode tirar algumas fotos, mantendo distância segura; mas não perca tempo com o animal, não é necessário. No hospital, o médico fará exames clínicos para saber que tipo de soro deverá administrar, caso confirme o envenenamento.

Como NUNCA proceder após ser picado por uma cobra:

Nunca faça torniquete. A peçonha já circulou e o torniquete poderá aumentar o edema e a necrose no local, além de dificultar a ação do soro antiofídico. O torniquete aumentará as chances de amputação ou perda de mobilidade dos membros;

Nunca use produtos como emplastros, urina ou pó de café, pois poderão contaminar o local e te farão perder o tempo precioso para o atendimento adequado;

Nunca faça cortes, furos ou chupe o local da picada. Isso poderá causar hemorragia ou contaminação grave;

Não atrase o atendimento médico na busca por tratamentos alternativos, nem tentando capturar a cobra, pois poderá ser picado novamente, ou aumentar o número de vítimas, além de perder um tempo crucial, diminuindo as chances de uma recuperação plena e rápida.

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Acompanhe abaixo a entrevista com o biólogo Henrique, além do trabalho desenvolvido pelo Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte e da Guarda Municipal do Natal no importantíssimo trabalho de resgate de serpentes e demais animais silvestres

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Foto: Reprodução/Redes sociais

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