Ibama retoma licenciamento ambiental da obra de engorda da praia de Ponta Negra em Natal

Ibama retoma licenciamento ambiental da obra de engorda da praia de Ponta Negra em Natal

Mudança no ponto de dragagem da areia levou ao fim de acordo com o Idema e à retomada da competência federal no processo de fiscalização ambiental

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) voltou a assumir a responsabilidade pelo licenciamento ambiental da obra de engorda da praia de Ponta Negra, localizada em Natal. A retomada da competência federal foi motivada pela mudança da jazida de areia utilizada na execução do projeto, que passou a ser considerada nova pelo órgão ambiental e, portanto, sem o devido licenciamento.

O Ibama havia delegado essa atribuição ao Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema) em julho de 2023, por meio de um Acordo de Cooperação Técnica. No entanto, com a alteração do ponto de dragagem dos sedimentos utilizados na obra, o acordo foi encerrado. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) em março deste ano.

De acordo com nota oficial divulgada pelo Ibama, a mudança na origem da areia configurou uma alteração no objeto do projeto, o que exigiria novo processo de licenciamento. “Com o encerramento da delegação, o processo de licenciamento ambiental passará a ser conduzido pelo Ibama”, informou o órgão.

A Prefeitura de Natal realizou a obra utilizando uma jazida situada a cerca de 10 km da costa. O novo banco de areia foi selecionado após a Funpec (Fundação Norte-rio-grandense de Pesquisa e Cultura), responsável por parte dos estudos técnicos, identificar que a primeira jazida, previamente licenciada, não apresentava qualidade nem quantidade adequadas para atender à demanda da intervenção.

Diante da urgência causada pela erosão marinha na faixa litorânea, a gestão municipal publicou um decreto de situação de emergência em setembro de 2024. A administração alegou que, com o decreto, não haveria necessidade de iniciar novo processo de licenciamento ambiental referente à nova jazida. A justificativa foi utilizada para retomar a obra com base na nova fonte de sedimentos.

A obra foi concluída no fim de janeiro de 2025. Antes disso, a intervenção enfrentou paralisações e entraves burocráticos. A draga contratada chegou a Natal em junho de 2024, mas, como as licenças ambientais ainda não haviam sido emitidas, o equipamento deixou a cidade no mês seguinte. A autorização foi liberada pelo Idema em 23 de julho, após decisão judicial, com 80 condicionantes ambientais. A obra foi retomada no final de agosto, mas paralisada poucos dias depois por causa de problemas técnicos identificados na jazida original.

Durante a execução da obra com a nova jazida, a Justiça do Rio Grande do Norte chegou a determinar que o Idema evitasse impor obstáculos ao andamento do projeto. A decisão judicial atendeu a um pedido da Prefeitura de Natal.

Com o fim do Acordo de Cooperação Técnica, o Ibama solicitou oficialmente ao Idema o envio de cópias de todo o processo administrativo referente à obra. A autarquia federal também requisitou informações detalhadas à prefeitura sobre as atividades realizadas durante a intervenção, medidas de controle ambiental adotadas e eventuais problemas registrados.

“Mediante a análise dessas informações, o Ibama poderá requerer medidas adicionais de controle, se for o caso”, informou o órgão federal em nota.

O Idema havia assumido a responsabilidade pelo licenciamento ambiental em 2023, após obter respaldo administrativo e jurídico do Ibama, com base na justificativa de que o ponto inicial de extração da areia se encontrava em território da União. O novo ponto de dragagem, porém, não passou pelo mesmo processo formal de licenciamento junto ao órgão federal.

A obra de engorda da praia de Ponta Negra é uma das principais intervenções urbanísticas realizadas em Natal nos últimos anos, com o objetivo de conter o avanço do mar sobre a faixa de areia da orla e preservar a infraestrutura urbana da região. A retomada da fiscalização ambiental pelo Ibama deve influenciar o monitoramento das ações futuras relacionadas à recuperação costeira na capital potiguar.

Foto: Emanuel Amaral/Prefeitura de Natal/Ilustração

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