Estado registra queda de 0,42% na disparidade salarial; mulheres potiguares seguem recebendo quase 20% a menos que os homens
A diferença salarial entre homens e mulheres no Rio Grande do Norte apresentou redução, segundo o 3º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios divulgado pelo Governo Federal. O levantamento indica que, desde setembro de 2024, a desigualdade caiu 0,42%. Atualmente, mulheres no estado recebem, em média, 19,09% a menos do que os homens. Na edição anterior do estudo, a diferença era de 19,51%.

Conforme os dados mais recentes, a remuneração média das mulheres potiguares é de R$ 2.273,30, enquanto os homens recebem R$ 2.809,50. A publicação do relatório faz parte das diretrizes da Lei nº 14.611/2023, que trata da igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre os gêneros, aplicável a empresas com mais de 100 empregados.
Disparidade no Brasil ainda é maior que no RN
Em nível nacional, a diferença salarial entre homens e mulheres é de 20,87%, registrando um aumento de 0,18% em comparação com o relatório anterior. A desigualdade de gênero no mercado de trabalho ainda é considerada expressiva, apesar de avanços pontuais em determinadas regiões do país.
O levantamento também destaca a disparidade por raça e gênero. Mulheres negras no Brasil têm rendimento médio de R$ 2.864,39, enquanto mulheres não negras recebem R$ 4.661,06, o que representa uma diferença de 38%. Na Bahia, por exemplo, mulheres negras recebem R$ 2.079,93, e as não negras, R$ 2.651,56 — uma defasagem de 21,6%.
Participação das mulheres negras cresce no mercado de trabalho
Um dos indicadores positivos do relatório é o aumento na participação de mulheres negras no mercado de trabalho. Em 2023, eram cerca de 3,2 milhões de mulheres negras empregadas. Em 2024, esse número subiu para 3,8 milhões, um crescimento de 18,2%.
A quantidade de estabelecimentos com até 10% de mulheres negras também caiu, passando de 21.680 em 2023 para 20.452 em 2024. Além disso, cresceu o número de empresas onde a diferença entre salários de homens e mulheres é inferior a 5%.
Ocupações com maior diferença salarial entre os gêneros
A desigualdade salarial varia conforme o tipo de ocupação. As mulheres que exercem funções de direção e gerência recebem, em média, 73,2% do salário dos homens. Já as profissionais com ocupações de nível superior ganham 68,5%. No caso de trabalhadoras de serviços administrativos, o rendimento equivale a 79,8% da remuneração dos homens.

A subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Paula Montagner, afirmou que a estabilidade da participação das mulheres na massa salarial total ocorre devido às remunerações menores, mesmo com o aumento da presença feminina no mercado de trabalho.
Entre 2015 e 2024, a participação das mulheres na massa de rendimentos variou de 35,7% para 37,4%, enquanto o número de mulheres ocupadas subiu de 38,8 milhões para 44,8 milhões. No mesmo período, o número de homens ocupados passou de 53,5 milhões para 59 milhões.
RN ainda está entre os estados com maior disparidade
Apesar da redução registrada no Rio Grande do Norte, o estado segue entre os que apresentam desigualdade salarial acima da média dos estados com menor disparidade. Os menores índices estão em Pernambuco (9,14%), Acre (9,86%), Distrito Federal (9,97%), Piauí (10,04%), Ceará (10,21%) e Alagoas (11,08%).
Por outro lado, os estados com maiores diferenças são Paraná (28,54%), Espírito Santo (28,53%), Santa Catarina (27,96%) e Rio de Janeiro (27,82%).
Governo lança guia e movimento nacional pela igualdade
Durante a apresentação do relatório, o Governo Federal também lançou o Guia para Negociação Coletiva da Lei de Igualdade Salarial, com sugestões para embasar as negociações coletivas sobre remuneração e promover equidade no ambiente corporativo.
Outra iniciativa anunciada foi o Movimento pela Igualdade no Trabalho, que reúne empresas e organizações trabalhistas de diferentes setores — como o bancário e o industrial — em torno de compromissos para reduzir desigualdades. Uma carta aberta à população brasileira foi divulgada como parte da mobilização, e entidades interessadas podem aderir por meio da página oficial da iniciativa.
Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral
Também foi instituído o Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e Homens, com vigência até 2027. A iniciativa envolve onze ministérios, com metas para ampliar a inserção e a permanência das mulheres no mercado de trabalho, combater a discriminação e estimular a presença feminina em cargos de liderança.

O plano foi oficializado por meio de Portaria Conjunta publicada no Diário Oficial da União em 8 de abril de 2025 e prevê ações articuladas entre o governo, empregadores e entidades da sociedade civil.
Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília/Ilustração / Dênio Simões/Agência Brasília/Ilustração / Toninho Tavares/Agência Brasília/Ilustração / Tony Winston/Agência Brasília/Ilustração
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