Entidades criticam Governo do RN por criar órgão de combate à tortura nos presídios: ‘enfraquece a atividade policial’

Entidades da segurança criticam proposta do Governo do RN de criar órgão de combate à tortura nos presídios: ‘enfraquece a atividade policial’

A votação da lei estava marcada para esta terça-feira (27) na CCJ, mas foi adiada devido a um pedido de vista

O Governo do Rio Grande do Norte encaminhou à Assembleia Legislativa um projeto de lei para estabelecer um órgão estadual de prevenção e combate à tortura nas unidades prisionais. Denominado Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura (MEPCT), o projeto está em análise na Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembleia (CCJ) e será votado na próxima semana.

O projeto foi apresentado pelo governo em abril, um mês após uma onda de violência que atingiu o estado, com ataques a prédios e veículos públicos e privados ordenados por organizações criminosas. Investigações revelaram que os ataques ocorreram devido à insatisfação dos detentos com as condições nas prisões. A votação da lei estava marcada para esta terça-feira (27.jun.2023) na CCJ, mas foi adiada devido a um pedido de vista feito pelo deputado Galeno Torquato (PSDB).

Entidades relacionadas à segurança pública argumentam que o projeto é inconstitucional e enfraquece a atividade policial no Rio Grande do Norte. Entre as críticas, afirmam que o órgão teria poderes excessivos, inclusive para fiscalizar a atuação dos policiais, o que seria desnecessário, já que essa função é desempenhada pelo Ministério Público, e arriscado, pois o órgão faria um controle externo da segurança pública por pessoas não concursadas. Também afirmam que o projeto abriria caminho para negociações do Estado com organizações criminosas presentes nas prisões.

De acordo com o projeto, o Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura seria composto por cinco peritos selecionados por processo seletivo, diferente de um concurso público, e nomeados pela governadora Fátima Bezerra (PT) para um mandato de três anos, com a possibilidade de uma recondução. Esses peritos deverão ter amplo conhecimento e formação de nível superior, atuação e experiência na área de prevenção e combate à tortura e a outros tratamentos ou penas cruéis.

Conforme a proposta, os peritos teriam plenos poderes para inspecionar a situação nas prisões do estado e até mesmo solicitar a instauração de procedimentos criminais e administrativos para investigar denúncias de tortura. Além disso, teriam acesso irrestrito às dependências prisionais e a possibilidade de entrevistar os detentos e realizar perícias.

O projeto apresentado pela governadora Fátima Bezerra também cria o Sistema Estadual de Prevenção e Combate à Tortura (SEPCT), que contará com representantes de órgãos e entidades públicas e da sociedade civil. O sistema teria como atribuição a realização do monitoramento, supervisão e controle das unidades prisionais.

Entidades contestam proposta do governo

Seis entidades relacionadas à segurança emitiram uma nota nesta terça-feira (27) manifestando-se contra o projeto. O documento alega que a proposta de lei “enfraquece a segurança pública do estado”. De acordo com a nota, o governo “ameaça retroceder em direitos e mecanismos de fortalecimento das estruturas policiais”.

O Sindicato dos Policiais Penais (Sindppen), Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), Associação dos Delegados de Polícia Civil (Adepol), Associação dos Escrivães de Polícia Civil (Assesp), Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar (ACS) e a Associação dos Subtenentes e Sargentos Policiais e Bombeiros Militares (ASSPMBM) assinam a nota.

“A proposta cria um verdadeiro mecanismo de controle externo das forças de segurança pública, exercido por cargos comissionados (de natureza técnica/operacional), o que é proibido pela Constituição Federal, uma vez que já existe o Ministério Público para desempenhar essa função de fiscalização e controle”, afirma a nota.

As entidades acrescentam que o projeto foi elaborado sem discussão prévia com as entidades de segurança: “Ao contrário disso, em vez de valorizar e incentivar os servidores que se arriscam diariamente, o Executivo pretende impor um novo modelo de gestão, conferindo amplos poderes de segurança pública a pessoas externas à estrutura constitucionalmente estabelecida”.

As entidades concluem afirmando: “Não somos contrários à fiscalização, mas não podemos permitir que o monitoramento e o controle do sistema sejam transferidos para pessoas e entidades com interesses distintos das políticas de execução penal e segurança pública”.

Foto: Governo do RN / Reprodução

Siga o Por Dentro do RN também no Instagram e mantenha-se informado.

Assine nossa Newsletter

Midway Mall comemora 19 anos com sorteio de três BYD zero quilômetro e desfile de moda Neoenergia Cosern é criticada por quedas de energia no Réveillon Festival MADA 2023 terá o ‘Baile da Amada’ Cosern é condenada a indenizar cliente por cobrança indevida por falha em medidor Influencer trans Flávia Big Big morre vítima de câncer Ambulância das drogas: Motorista do SAMU preso usava o veículo para transportar e vender maconha e cocaína Prefeitura de Natal lança concurso para procurador Lei Seca: Idoso é preso pela terceira vez dirigindo bêbado em Natal PRF realizará leilão de veículos retidos no RN Concurso do TJRN tem mais de 54 mil inscrições Prefeito de São José do Campestre é morto a tiros em casa Governo do RN abre concurso para a Polícia Militar