O evento acontecerá nos próximos dias 18 e 19 de outubro, na Arena das Dunas, com uma programação que envolve shows e vários espaços de convivência
Valéria Araújo – especial para o POR DENTRO DO RN
“Eu posso envelhecer, mas o MADA sempre está jovem”. A frase é do idealizador e produtor Jomardo Jomas, que há 26 anos produz um dos maiores festivais de música do Nordeste. O evento acontecerá nos próximos dias 18 e 19 de outubro, na Arena das Dunas, com uma programação que envolve shows e vários espaços de convivência. Apesar de mais de 20 anos de história, o produtor lembra que o final de cada ano é sempre uma emoção. “Todo ano eu termino a edição com perspectiva da próxima”, afirma.
Inspiração no sertão
Quando algo está predestinado a dar certo, não há como mudar. Jomardo pensou em fazer um festival em Natal, apostando no sucesso de eventos parecidos que aconteciam em todo Brasil. “Eu trabalhava na produção da banda Alphoria e sempre perguntavam muito da cena musical do RN. Eu pensei ‘vou fazer um festival’. Como a gente tinha uma boa rede de contatos, facilitava”.
Faltando duas semanas para a data do evento, um produtor da MTV ligou para Jomardo perguntando o nome do evento. “Jorian, meu irmão, que era músico do Alphorria, tinha um texto que dizia ‘quando acaba a água do homem do sertão / resta a música, que é o alimento da alma’. O nome Música Alimento da Alma veio de sopetão e virou MADA através do texto de um jornalista da Folha de São Paulo, que veio cobrir o evento e abreviou.”
Pluralidade
“Festival é você se dar a oportunidade de conhecer novos nomes da música brasileira”, diz Jomardo. Nas sete últimas edições do MADA, a equipe já buscava trazer estilos musicais diferentes, para serem integrados no evento. “A minha equipe também ajuda muito porque eles são bem antenados e trazem todas as novidades do cenário musical. A gente consegue se manter conectado e atualizados com diversos públicos”.
Além da música, há também histórias interessantes como a do DJ Omoloco, que será uma das atrações. Ele nasceu em Currais Novos e nunca voltou para a cidade natal. “A família mandou fazer camisetas e vem uma caravana de Currais Novos para ver o show e encontrar ele”.
E Jomardo já deu spoiler. “Além de todas as nossas atrações, as marcas parceiras vão realizar muitas ativações diferenciadas. Nós temos várias experiências dentro do evento, na questão da sustentabilidade, do turismo. E a Claro também está preparando novidades surpreendentes”.
O brilho ofuscante de Gloss
Pai carioca, mãe parintinense. A mistura do sul e do norte resultou em Cami Santis, uma amazonense potiguar, que há três anos despontou no cenário musical após publicar um vídeo cover no Instagram. De lá, ela não parou mais. O que começou com a música “Água de Beber” evoluiu para o autoral.
E foi um desses vídeos que atraiu a banda Plutão já foi Planeta. O grupo chamou Cami para abrir um dos shows em Natal, sua primeira experiência de palco. “Ando descobrindo que o palco é o grande professor. Eu sempre aprendo algo novo. No primeiro palco em que pisei, eu estava engatinhando. Agora eu já penso sobre cada detalhe e eu quero entregar o meu melhor. Uma mulher com mais coragem, com certeza”, explica.
Com três singles nos players de música, Cami acumula mais de 120 mil reproduções das obras. “Gloss” é um desses três hits, no qual ela participa de todo processo criativo. “Eu comecei pela parte da produção musical, algo que poucas mulheres fazem. Fiz o beat, a estrutura da música, trabalhando em todo processo. Foi a primeira vez e uma parceria com João Vitor, que é meu produtor musical. Eu fiquei muito orgulhosa” lembra ela, que também escreveu a letra.
Sobre o MADA, Cami já antecipa. “O festival vai ser um ponto alto da minha carreira. O público pode esperar que será um show incrível e darei o meu melhor”.
Gracinha: um sentimento de esperança
Se você leu o nome e pensou numa cantora comum, pode reparar o engano. Gracinha é uma identidade. A carioca com sotaque meio potiguar, meio menina do Rio traz em suas composições muito de si. Corpo Celeste é o primeiro disco solo da cantora Isabela Garcia, nome real de Gracinha, que traz canções que definem uma trajetória de vida em melodias que misturam dream pop, neo-psychedelia e indie pop.
A compositora diz que, apesar de parecerem canções de amor, são canções que permeiam a solidão e o desamor, mas com esperança. O título do Corpo Celeste é uma analogia ao corpo que brilha sozinho na imensidão, mas que é observado há anos luz de distância, que tem a luz própria apesar de vagar.
A primeira música do álbum é de 2017, quando Isabela iniciou seu processo de aceitação enquanto mulher lésbica. Foi um momento delicado e a música foi uma forma de expor seu processo pessoal. “Sempre tive esse conceito de além de ser lésbica, ser mulher negra, adotada, onde há uma relação muito próxima com a solidão, mesmo havendo muito amor na minha vida. Eu me sentia diferente das pessoas que me rodeavam, nunca tive muitos amigos”. Vênus abre o álbum já com esse propósito.
Dividir esses sentimentos com um público gigantesco, no MADA, será mais um momento único para a cantora. “Muita gente fala que se identifica comigo. Há uma conexão. Quando eu subo no palco e vejo as pessoas cantando e se emocionando, é o que faz valer a pena”.
Fotos: Divulgação/Luana Tayze/Isadora Aragão/Daniel Reis (Covil Prod)
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