Em Natal, serão 30 dias de imersão no processo criativo da obra, além da realização de atividades de formação com instituições e grupos da cidade
Em uma ação conjunta entre Coletivo CIDA e ATeKa Compagnie (FRA), estudantes e pesquisadores da dança estão participando de oficinas formativas com o coreógrafo francês Abdoulaye Konaté. Ao todo, serão realizadas quatro oficinas que beneficiarão mais de 120 pessoas de forma gratuita.
Esta ação faz parte da Residência Artística Sucre, uma iniciativa da ATeKa Compagnie e do Coletivo CIDA, apoiada pela “La Fabrique des Résidences” do Instituto Francês e Programa “Cruzamentos” da Villa Tijuca. Uma união entre as Alliances Francesas com Chaillot – Teatro Nacional da Dança – Paris, França e o MC2: Casa de Cultura de Grenoble, na França, em cooperação com a Fundação Nacional de Artes (Funarte), Ministério da Cultura e Governo do Brasil. O projeto possui apoio institucional do Governo do Estado do Rio Grande do Norte, por meio da Fundação José Augusto e da Aliança Francesa de Natal.
Para René Loui, coreógrafo, intérprete e fundador do Coletivo CIDA, essa residência artística é muito significativa. “O Coletivo CIDA em seus sete anos de existência e resistência, vem estabelecendo laços e criando redes de conexões com artistas das mais diversas realidades, nos quatro cantos do planeta.
Isso é muito significativo para nós: Uma companhia de dança internacional se atrai pelo nosso trabalho nas redes sociais e anos depois nos propõe uma parceria. Não posso deixar de citar a grande oportunidade de ocupar a Maison de La Culture em Grenoble, na França. Sem dúvida este novo projeto representa uma grande jornada para o Coletivo CIDA”, pontua René Loui.
Etapas Brasil e França
A residência entre o Coletivo CIDA e a ATeKa Compagnie se realizará em duas etapas, uma no Brasil e a outra na França. A primeira etapa começou no início do mês de agosto com a vinda do coreógrafo Abdoulaye Konaté para a cidade de Natal (RN).
De acordo com René Loui essa residência é também sobre uma conexão ancestral. “Ao longo de minha jornada nas artes me envolvi em inúmeras residências artísticas. Cada uma delas com suas características e singularidades foram ponto de partida para a construção de uma obra cênica. Aqui, com a Residência Sucre, temos nas nossas mãos uma folha de papel negro onde escreveremos em traços também negros. Uma residência artística para relembrar e para reviver as dores e as memórias de nossos antepassados”, pontua René Loui.
Em Natal, serão 30 dias de imersão no processo criativo da obra, além da realização de atividades de formação com instituições e grupos da cidade, dentre eles: Companhia de Dança do Teatro Alberto Maranhão (CDTAM), Grupo Universitário Gaya Dança Contemporânea, junto com alunos da graduação em Dança pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e convidados.
Para a intérprete potiguar Ana Cláudia Viana, a atividade foi muito positiva. ”Esse intercâmbio de saberes foi muito positivo. O Abdoulaye Konaté trouxe algo que é dele e nós entregamos algo que é nosso, partilhando nossos saberes e vivências em dança. Foi um importante momento para atualizar saberes, discursos, sensações, percepções sobre nós e o trabalho que fazemos”.
Após a conclusão dessas ações formativas, Coletivo CIDA e Abdoulaye Konaté seguem no processo de montagem do espetáculo SUCRE – SI PROCHE DU PARADISE (Açúcar – Tão Perto do Céu). Estima-se que em setembro seja realizada uma Mostra para um público convidado e representantes da Aliança Francesa Natal, Fundação José Augusto e do Gabinete da Secretária Extraordinária de Cultura do Rio Grande do Norte.
A segunda etapa, será realizada na cidade de Grenoble, na França, onde os dois grupos ocuparão a MC2: Casa de Cultura de Grenoble para a finalização da montagem, realização de laboratórios artísticos e uma temporada de estreia.
Ainda na França o Coletivo CIDA exibirá o espetáculo Corpos Turvos, como grupo convidado para a Table Ronde: Spectacle Vivant et Handicap, evento sobre Artes Cênicas e Inclusão e Acessibilidade.
Conexão Coletivo CIDA e ATeKa Compagnie
Foi através das redes sociais que o Coletivo CIDA e Ateka Compagnie iniciaram o contato, que agora rende uma colaboração artística graças a editais de fomento.
“O acaso obviamente não existe. Todas as coisas tem um propósito. A ATeKa Compagnie e o Coletivo CIDA começaram a se seguir nas redes sociais no ano de 2019, ano em que foi criado o espetáculo “Sucre – um sorvete para um crime legal”. E agora, em 2023, o Edital Bolsa Funarte e Aliança Francesa de Residências Artísticas em Artes Cênicas Brasil/França – 2022 possibilita essa residência de pesquisa em colaboração com o Coletivo CIDA, me trazendo de volta a questionar sobre esse tema. Tudo foi planejado a partir das conexões, e agora estou ansioso para finalmente encontrá-los para que possamos pensar juntos no possível rumo de uma história agridoce, salgada, ácida, contraditória”, aponta o francês Abdoulaye.
Criado originalmente em 2019 pela ATeKa, “Sucre” ganha uma nova perspectiva e nova corporeidade através da participação de Jânia Santos, Marconi Araújo, René Loui e Rozeane Oliveira, nomes que são referências para as artes cênicas norte-rio-grandense.
“Acredito que essa residência artística seja algo muito significativo tanto para o Coletivo CIDA quanto para a ATeKa Compagnie. Fomos um dos cinco grupos do Brasil aprovados e o único do nordeste, ou seja, é de suma importância para nós podermos compartilhar nossas metodologias de produção em dança com a ATeKa Compagnie, assim como sermos atravessado por eles. Aproximar ainda mais nossas pesquisas e metodologias, através dos trabalhos corporais, durante esse primeiro mês de residência está sendo algo muito gratificante”, comenta Arthur Moura, produtor e fundador do CIDA.
Sobre o CIDA
O Coletivo Independente Dependente de Artistas (CIDA ) é um núcleo artístico de dança contemporânea, fundado no ano de 2016 por artistas emergentes, pluriétnicos, com e sem deficiências, oriundos das mais diversas regiões do Brasil e radicados na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte.
Todas as informações sobre o CIDA podem ser acompanhadas através dos canais de comunicação do coletivo. Acesse: www.coletivocida.com.br ou acompanhe o Coletivo no Instagram em: @coletivocida.
Sobre ATeKa Compagnie
Os projetos da ATeKa giram em torno de três missões: criação coreográfica, distribuição de peças e ações de transmissão. Suas criações desenvolvem uma linguagem coreográfica na encruzilhada da cultura africana e da cultura europeia contemporânea.
Todas as informações sobre o ATeKa podem ser acompanhadas através do site: http://www.ateka-cie.com/ ou pelo Instagram em: @ateka_compagnie.
Foto: Brunno Martins
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