Jean Paul Prates critica falta de debate no PT sobre sucessão de Fátima Bezerra
Ex-senador aponta “caciquismo” no partido e questiona antecipação de candidatura ao governo do RN
O ex-senador e ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, criticou a falta de debate interno no Partido dos Trabalhadores (PT) sobre a sucessão da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, nas eleições de 2026. Sem ocupar cargos nas executivas do PT em Natal e no estado, Prates classificou a situação como “caciquismo” e defendeu uma discussão mais ampla sobre as candidaturas.

A declaração foi dada em entrevista à rádio Cidade (94.3 FM), na qual o ex-senador se posicionou contra a antecipação da pré-candidatura ao governo do atual secretário estadual da Fazenda, Carlos Eduardo Xavier, conhecido como “Cadu”. Para Prates, a definição de nomes deveria passar por um amplo debate dentro da base governista, considerando também a possibilidade de candidatura do vice-governador Walter Alves (MDB) e do presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Ezequiel Ferreira (PSDB).
Críticas a decisão antecipada
Durante a entrevista, Jean Paul Prates relembrou situação similar ocorrida em 2022, quando foi preterido pelo PT na disputa ao Senado. Na época, o partido optou por apoiar a candidatura de Carlos Eduardo Alves, ex-prefeito de Natal, que havia concorrido contra Fátima Bezerra na eleição anterior e feito críticas ao PT. Segundo Prates, a decisão foi tomada sem consulta interna, prejudicando seu projeto de reeleição ao Senado.

“Não sei se foi a governadora ou a sua equipe, mas aconteceu a mesma coisa com Carlos Eduardo para o Senado. É algo que preciso analisar, mesmo tendo sido preterido, tenho o direito de avaliar”, afirmou.
Para o ex-senador, o PT tem uma tradição de permitir que quem ocupa um cargo público e desempenha bem suas funções tenha prioridade na disputa pela reeleição. “Em tese, haveria essa possibilidade, uma espécie de regra não escrita no partido. Mas, em 2022, houve um entendimento de que trazer Carlos Eduardo para a chapa de Fátima tornaria a eleição mais fácil, mesmo que ele tivesse sido adversário da governadora no pleito anterior”, pontuou.
Necessidade de estratégia e debate
Jean Paul Prates defendeu que a sucessão de Fátima Bezerra precisa ser tratada com estratégia e dentro de um debate mais amplo. “Cadu Xavier é um excelente quadro do PT e pode ser candidato a governador, mas é necessário discutir isso. Precisamos usar os fatos a nosso favor, considerando que a governadora deixará o cargo e que existe um vice-governador com experiência e base política importante”, argumentou.
O ex-senador também destacou o peso político de Walter Alves, atual vice-governador e presidente do MDB no estado. “Walter é um político experiente, com apoio de 45 prefeitos no RN. Ele é o único que pode decidir se deseja ou não ser candidato. Ninguém pode tomar essa decisão por ele”, afirmou Prates.
O ex-senador ainda mencionou o presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira, como outro nome a ser considerado na discussão sucessória. “Ele é uma liderança forte e respeitada. Ignorar esses aspectos e lançar uma candidatura sem avaliar todas as possibilidades é um erro. Precisamos garantir que todos tenham a oportunidade de se posicionar”, disse.
Decisão deve respeitar o processo interno
Para Jean Paul Prates, a escolha do candidato ao governo em 2026 não pode ser imposta por uma minoria dentro do partido. Ele reiterou que as lideranças políticas precisam ser consultadas e que qualquer decisão deve ser tomada de forma coletiva. “O processo precisa respeitar todas as etapas, permitindo que diferentes nomes sejam testados e debatidos”, concluiu.
Foto: Roque de Sá/Agência Senado / Jefferson Rudy/Agência Senado
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